Apresentado nesta quinta-feira (17), o relatório mensal da Instituição Fiscal Independente (IFI) ajuda a explicar tanto a recente polêmica em torno da melhora da nota de crédito do Brasil quanto as pressões para o "pacote de maldades" que deve se seguir às eleições municipais.
Conforme a IFI, a dívida bruta do governo geral calculada pelo Banco Central do Brasil, que reflete o endividamento não só do governo federal, mas também de Estados e municípios , atingiu 78,5% do PIB, em agosto.
A partir daí, projeta que o ano vai fechar com relação dívida/PIB em 80%. Estima, ainda, que o indicador chegará a 84,1% em 2026. Caso se confirme, será um aumento de 12,4 pontos percentuais no atual mandato presidencial.
Antes de prosseguir, é útil fazer três observações. A primeira é que há outra formas de calcular a relação dívida/PIB, usando só as pendências federais - com ou sem estatais; o importante é sempre esclarecer a metodologia.
A segunda é que a dívida não cresce só com aumento do gasto, mas com inflação e taxa de juro. A terceira é que uma dos economistas da IFI, Vilma Pinto, está deixando a instituição para ir trabalhar na vice-presidência da República, ou seja, não se trata de análise "da oposição".
Conforme a IFI, o nı́vel de endividamento brasileiro está na média dos paı́ses (ricos) da Zona do Euro, inferior aos do G7 (as maiores economias do planeta), mas bem acima dos emergentes e da América Latina, como a coluna havia registrado.
Essa é a questão crucial, que todo brasileiro conhece bem: quanto mais endividado o indivíduo, maior o risco de calote e mais caro será o crédito. O mesmo vale para as nações. Para retomar o ambicionado grau de investimento das agências de classificação de risco, o Brasil precisa estabilizar sua dívida. É com esse objetivo que está sendo organizado o "pacote de maldades". Tudo se conecta.