Depois do cálculo de que o Brasil teria, sim, a maior taxa do mundo no Imposto sobre Valor Agregado (IVA, que é desdobrado em CBS e IBS), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta espantar esse fantasma.
Nesta quarta-feira (4), afirmou que a alíquota média ficará entre 21% e 22% e "só alguns produtos" vão ao recorde mundial de 28%, ponderando que isso se deve às isenções ou reduções na cobrança para 12%.
Em parte, o ministro tem razão. Foi o Congresso que, ao incluir carne bovina na cesta básica e garantir filé mignon mais barato para ricos, levou à taxa mais alta do mundo.
Conforme o Ministério da Fazenda, deputados e senadores acrescentaram 6,5 pontos à alíquota-padrão do IVA. E segundo nota oficial da pasta, as exceções aprovadas para serviços de educação, saúde, medicamentos e cesta básica, entre outros, fizeram com que fosse a 27,97%. O cálculo, um dado oficial, foi apresentado no dia 23 de agosto.
— Vamos fazer cair a alíquota média do imposto (sobre o consumo) no Brasil — recitou o ministro nesta quarta-feira, contrariando o diagnóstico técnico.
Haddad tem feito bom trabalho, a ponto de ser visto como contraponto à vocação de gastança atribuída ao governo Lula. Ganhou o respeito do mercado financeiro e conseguiu emplacar no Banco Central um profissional que nas últimas semanas passou a ser considerado mais "amigo do juro alto" do que o atual.
Todo ministro de Fazenda é um pouco animador de plateia. Discursos sobre como o PIB vai crescer, a economia vai melhorar, são parte da função, seja Haddad, Paulo Guedes ou Henrique Meirelles. Mas a "animação" precisa guardar coerência interna, sob pena de descrédito. Pega muito mal ter a maior taxa do mundo. Mas é preciso explicar como fazer o milagre.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo