Nesta terça-feira (3), a Starlink avisou que, vai, sim, cumprir a decisão de tirar a rede social X do ar. É um recuo estratégico de uma posição que contrariava o discurso de que os dois negócios controlados pelo bilionário Elon Musk são independentes.
Nos meios jurídicos e econômicos, a primeira reação à suspensão das contas bancárias da Starlink no Brasil foi de perplexidade.
A decisão do ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), colocava na conta da empresa de conectividade a inadimplência do X, a rede social suspensa no Brasil. Feria a regra do Direito que separa atividades mesmo quando têm acionistas em comum.
Mas quando a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) foi notificar a Starlink de que deveria tirar a irmã do ar, recebeu a resposta que a determinação não seria cumprida.
Nesta terça-feira (3), o STF avisou que a Starlink perdeu o prazo para recorrer da decisão - cinco dias úteis a partir de 27 de agosto. As pendências do X, de R$ 18 milhões (US$ 3,2 milhões), são valores com que uma pessoa pode sonhar, mas fração irrisória dos negócios de Elon Musk.
Mesmo depois da forte perda de valor que se seguiu à compra do Twitter, a rede de Musk ainda vale cerca de US$ 12 bilhões, sem contar Tesla (US$ 663 bilhões), Space X (US$ 200 bilhões) e a própria Starlink.
Musk diz ser um homem de princípios, pode ter tentado preservar o da separação das contas. Mas ao desobedecer decisão judicial sob outro CNPJ, deu o famoso tiro pela culatra.M
Mesmo sem o recuo, seria muito diferente suspender o X de barrar a operação da Starlink no Brasil. Não só pelo diferente peso econômico - há muitas atividades que hoje dependem dessa conectividade, das Forças Armadas a escolas públicas.
Também pela viabilidade técnica. A própria Anatel, desafiada na personalidade jurídica, já avisou que não teria como tirar do ar a rede de satélites que marca os céus do mundo todo.
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