Embora tenham repetido o roteiro de troca de fogo calibrado que tem marcado a região desde o início da guerra entre Israel e Hamas, os ataques e contra-ataques do final de semana que envolvem o Hezbollah provocaram forte alta na cotação do petróleo.
Nesta segunda-feira, o barril do tipo brent sobe 3%, para US$ 81,45, em sinal da avaliação do mercado de que há risco renovado de ampliação do conflito no Oriente Médio.
Mas a alta não fez o preço voltar aos níveis do início de julho, quando chegaram perto dos US$ 90, em sinal de reconhecimento da contenção.
Como a coluna havia mostrado, o valor do barril havia despencado em julho, por força do cenário da desvalorização de matérias-primas básicas (commodities).
Mas o petróleo é como o dólar: nem sempre a cotação é definida apenas por aspectos macroeconômicos, há forte influência de aspectos geopolíticos.
A nova escaramuça é uma retaliação do Hezbollah à morte de um de seus principais comandantes militares, Fuad Shukr, em bombardeio israelense perto de Beirute em 30 de julho.
Uma escalada arriscada, ou como viemos parar aqui
- No dia 7 de outubro de 2023, um ataque terrorista do Hamas a Israel deixou centenas de mortos e mais de uma centena de reféns (o número exato não é conhecido até hoje).
- A reação de Israel foi extrema, invadindo e bombardeando Gaza, território governado pelo Hamas. A ação para impedir a entrada de ajuda humanitária e à população civil do território começava a provocar uma inflexão da posição dos países aliados a Israel.
- Um ataque de Israel à embaixada do Irã em Damasco, capital da Síria, no início do mês, deixou oito mortos, entre os quais integrantes da Guarda Revolucionária do Irã. O Irã retaliou de forma controlada, e a resposta de Israel também foi contida, por pressão internacional.
- Agora, outra situação muito parecida se configura com o temor da resposta a um ataque do Hezbollah nas Colinas de Golan, ocupadas por Israel desde o final da década de 60.
- No final de semana, o Hezbollah atacou uma base de inteligência militar israelense perto de Tel Aviv. E ainda há preocupação com a possibilidade de uma represária do Irã pela eliminação, em seu território, do líder máximo do Hamas, Ismail Haniyeh, em julho.