Ismail Haniyeh era a cara e a mente do grupo terrorista Hamas. Mal comparando, uma espécie de Osama bin Laden, da organização extremista palestina.
Em um grupo que se esconde em túneis e usurpa a causa para espalhar o horror, Haniyeh era o rosto mais conhecido. Também pudera, tendo fugido da Faixa de Gaza e protegido por regimes autoritários, como o Catar e a Turquia, desfrutava da liberdade que os palestinos comuns, refugiados em seu próprio território, não dispõem.
Morto nesta quarta-feira (31) em um ataque aéreo no Irã, provavelmente perpetrado por Israel, Haniyeh era também o cérebro do Hamas. Nenhuma folha se movia em Gaza sem que ele soubesse. Mesmo que o arquiteto dos ataques terroristas de 7 de outubro de 2023 contra Israel tenha sido Sahya Sinwar, Haniyeh era o comandante maior. Atuava nos bastidores, buscava contatos internacionais e angariava recursos para a organização.
Ele só chegou aos 62 anos porque fugiu dos territórios palestinos - caso contrário, teria sido eliminado muito antes, como a maioria de seus lugares-tenentes. Em abril, por exemplo, seus três filhos e quatro netos foram mortos em uma ação israelense em Gaza.
Era frio e calculista. Mesmo diante de perdas, adotava um tom pragmático:
- Você não precisa chorar. Deve ser firme e estar pronto para a vingança - costumava dizer.
Foi assim, por exemplo, que reagiu à morte de seu mentor espiritual e fundador do Hamas, sheik Ahmed Yassin.
Sua morte é, sem dúvida, um golpe para a organização terrorista - a maior desde a morte do próprios Yassin, em 2004. Mas não o seu fim. Como uma hidra, o animal mitológico que, quando cortada uma cabeça surgem duas, o Hamas tem uma fileira de líderes escondidos e fora dos territórios palestinos prontos para assumir sua posição.
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