Em meados de maio, quando a zona norte de Porto Alegre já estava inundada há duas semanas, a coluna recebeu um e-mail tocante de Sergio Sbabo, dono da Della Nonna, pequena fábrica do 4º Distrito. Era uma situação igual à de centenas de empresa no Estado depois do dilúvio de maio de 2024.
Ele disse que, sem ajuda, muitas empresas poderiam não sobreviver. Agora que a água baixou, a situação ficou ainda mais desoladora, relata o empreendedor que passou o final de semana de luvas de borracha tentando limpar a imundície que transformou em lixo insumos e produtos prontos.
— Quando não tínhamos acesso à Della Nonna, ficávamos imaginando o poderia ter perdido e o que poderia ter se salvado. Agora que entramos, vimos que foi pior do que se temia. Não sobrou nada. Todo nosso estoque de produtos acabados se perdeu, virou lixo. É duro chamar de lixo uma coisa que não era. Era comida que virou material a ser arrastado de enxada ou rodo — relatou sobre o que encontrou na Rua Frederico Mentz.
As matérias-primas ficaram inutilizadas, segundo Sbabo, que está ainda mais preocupado com os equipamentos:
— Tínhamos três câmaras frias, duas para congelados e uma para resfriados. A número 3, que tinha capacidade para 30 toneladas de produtos, partiu-se. Já estamos em contato com nossos parceiros para avaliação do que pode ser recuperado e restaurado, mas estamos temerosos, pelo tamanho do estrago ocorrido. Foram quase 30 dias debaixo d'água, com lodo e sujeira.
No mês de maio, relata o empreendedor, a pequena fábrica não faturou sequer R$ 1, o que cria inquietação sobre a capacidade de se reerguer a empresa e honrar os compromissos com funcionários, fornecedores e bancos.