Depois que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, traçou quatro cenários para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que começa nesta terça-feira (7) e termina na quarta (8), há muita polêmica sobre qual será a decisão sobre o juro básico.
Fazia muito tempo que isso não ocorria. Nos últimos meses, o BC vinha desenhando com precisão o caminho da redução da Selic. Mas Campos Neto criou possibilidades que vão de manter o único corte prometido de 0,5 ponto percentual, de 10,75% para 10,25%, até a manutenção da taxa - aumento, que chegou a ser cogitado, está descartado.
Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, considera essa reunião do Copom "uma das difíceis dos últimos anos", com bons argumentos tanto para um corte de 0,5 ponto percentual quanto de 0,25 p.p.
Embora identifique expectativa "amplamente majoritária" para uma desaceleração do ritmo - corte de apenas 0,25 p.p., de 10,75% para 10,5% -, manteve sua projeção de 0,5 p.p.
Caio Megale, economista-chefe da XP, é um representante da maioria: avalia que, diante do aumento das incertezas no cenário econômico, o Copom deve adotar uma postura mais cautelosa, reduzindo o corte para 0,25 p.p., com possível discordância entre seus integrantes. Até o final do ano, prevê mais três cortes sequenciais de 0,25 p.p., o que levaria a taxa a 10%.
Até o início de abril, a perspectiva dominante no mercado era de que o juro básico terminaria o ano em 9%. Já subiu para 9,5% e, no último boletim Focus, apareceu uma aposta da maioria difícil de entender: 9,63%. O número é estranho porque, como sabem todos os economistas, o juro se move em "passos" mínimos de 0,25 ponto percentual ou seus múltiplos.