Nesta Páscoa, o preço do azeite de oliva assustou quem usa o ingrediente só em datas específicas: está até três vezes mais alto, comparado ao valor médio de 2021. Responsável por cerca de 60% da produção global, a Espanha enfrentou secas por dois anos seguidos, 2022 e 2023.
O resultado foi que, em dois anos, os espanhóis produziram o equivalente apenas a uma única safra: cerca de 1,4 milhão de toneladas de azeite. Uma infestação nas oliveiras no sul da Itália também prejudicou a produção no período.
O Brasil, segundo maior importador de azeites do mundo, sofreu com a diminuição de oferta de mercadorias. Apesar da crescente expansão da olivicultura no Rio Grande do Sul, a produção local ainda representa apenas 1% do consumo dos gaúchos, estima Pedro Calazans, sócio-diretor da Selecionados Uniagro, uma das empresas responsáveis pela distribuição de alimentos no Estado.
— O Brasil é um país importador de azeites. Agora, estamos observando novos entrantes nesse mercado, como a Índia e a China. Outros países estão começando a consumir mais azeite, aumentando a demanda. Por outro lado, também houve redução na oferta, o que provocou elevação de preços. A tonelada de azeite saiu de 3 mil euros para 9 mil euros — afirma Calazans.
Nos supermercados, esse aumento fez o preço dos azeites em garrafa ir de R$ 15 para R$ 50, entre 2021 e 2024. Para fugir dos altos valores de importação, a Selecionados Uniagro busca parcerias com outros países fora das regiões afetadas pelas secas e infestações, como Tunísia e Chile.
Apesar dessa alternativa, Calazans acredita que as produções da Espanha e Itália devem se normalizar ao longo de 2024, provocando uma redução dos preços dos azeites a partir de outubro.
— Se as condições climáticas forem positivas, como é a perspectiva, para o Natal deste ano já teremos uma situação mais favorável em relação a preços. Ainda vai continuar sendo o dobro do preço histórico, ficando em R$ 30 a garrafa de azeite. Mas, até a metade deste ano, vai continuar no patamar que está agora — diz.
*Colaborou João Pedro Cecchini