Em pleno sábado, primeiro em publicação do ministro da Economia, Luis "Toto" Caputo nas redes sociais (veja abaixo), depois em comunicado oficial, o governo Javier Milei anunciou o primeiro superávit primário (receitas menos despesas, sem contar o pagamento da dívida) mensal desde 2012.
O equilíbrio entre receitas e despesas é a principal exigência do Fundo Monetário Internacional (FMI) para permitir à Argentina quitar vencimentos em atraso do maior programa de socorro da instituição no mundo com liberação de parcelas que haviam sido suspensas.
Depois da derrota da "lei ônibus" de Milei no Congresso, é uma conquista para seu governo recuperar prestígio dentro e fora do país, mas veio acompanhada de uma ameaça de rebelião de governadores, já que parte desses resultado foi obtida com a suspensão de repasses às províncias (equivalentes a Estados no Brasil).
Inconformados com a retirada de vários repasses - mesmo que não sejam obrigatórios por lei -, todos os 23 governadores estão exigindo uma reunião com Milei para cobrar acordos feitos anteriormente e, segundo esse grupo, não cumpridos. Uma das ameaças é derrubar também o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) editado por Milei, que precisará do aval legislativo na retomada das sessões normais para entrar em vigor.
Outra parte do resultado positivo das contas públicas na Argentina veio do aumento de impostos - como pretende fazer no Brasil o governo Lula. Conforme os dados do Ministério da Economia, o Imposto País teve aumento de 1.302,3% entre janeiro de 2023 e janeiro de 2024. Foi a maior contribuição para o superávit no lado da receita.
No mesmo sábado (17), o Observatório Social da Universidade Católica (UCA) informou que o índice de pobreza na Argentina subiu para 57,4% em janeiro passado - ante 44,7% em outubro e 49,5% em dezembro. Conforme a instituição, a megadesvalorização - um dólar saiu de 391 pesos para 880,6 pesos -, seguida de disparada de preços da cesta básica foi um dos principais motivos para a alta. A situação de indigência saltou de 9,6% em outubro para 14,2% em dezembro e 15% em janeiro.
Também pelas redes, Milei atribuiu a responsabilidade pelo empobrecimento à "casta" - como define a elite política do país:
"A verdadeira herança do modelo da casta: 6 de cada 10 argentinos são pobres. A destruição dos últimos cemanos não tem comparação na história do Ocidente".