Mesmo sem dinheiro novo - a ambição original era levar o valor total de US$ 44 bilhões para US$ 55 bilhões - o acordo da Argentina como Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê liberação de até US$ 4,7 bilhões.
Os recursos, no entanto, devem ser usados para bancar os vencimentos da dívida do país com o organismo até abril, evitando calotes que haviam provocado impasse com o Fundo.
Ao anunciar o acordo, já às 21h de quarta-feira (11), o ministro da Economia, Luis Caputo, afirmou que, se a Argentina quiser um novo acordo, com novos recursos, o FMI está "aberto a essa possibilidade":
— Mas acreditamos que é hora de o aís resolver seus problemas financeiros solucionando seus problemas estruturais de fundo, que é seu vício no excesso de gasto público.
Caputo detalhou que os US$ 4,7 bilhões ainda estão condicionados à aprovação da direção do Fundo nas próximas semanas - habitualmente, uma etapa meramente burocrática. E serão destinados aos vencimentos de capital de dezembro, janeiro e abril. O valor corresponde à soma dessas parcelas.
Entre as contrapartidas assumidas pela Argentina está a obtenção de um superávit primário de 2% do PIB ainda neste ano. Em 2023, o déficit é estimado em 3% do PIB, o que significa que o tamanho do ajuste necessário é de 5% do PIB - 3% para zerar o déficit, mas o compromisso com o Fundo. É uma meta muitíssimo ambiciosa, basta ver as dificuldades que o Brasil está encontrando para alcançar uma meta menos dura, de déficit zero, sem superávit.
Essa meta está baseada em "maiores impostos temporários relacionados à exportação e ganhos com a normalização da produção agrícola (a seca do verão passado provocou perdas bilionárias com a quebra da safra da soja, portanto de vendas ao exterior). Mas também prevê "reduções dos custos administrativos, dos subsidios à energia e ao transporte, transferências discricionárias (não previstas em lei) a províncias e estatais e menor prioridade a gastos com infraestrutura" (veja o documento oficial no site do FMI, em inglês).