A temporada de balanços do terceiro trimestre tem poucas exceções: foi um período desafiador mesmo para empresas que costumam exibir resultados reluzentes. Foi o caso da Lojas Renner, que enfrentou queda de 32,9% no lucro líquido, de R$ 257,9 milhões para R$ 172,9 milhões.
— O mesmo consumidor de toda a vida da Renner está passando por dificuldades, então decidimos reforçar a oferta de opções mais acessíveis na pirâmide de preços, com qualidade e conteúdo de moda, e deixá-las mais evidentes na exposição nas lojas — relatou o diretor financeiro e de relações com o mercado, Daniel Martins dos Santos.
O executivo pondera, ainda, que a redução no lucro ocorre na comparação com o forte terceiro trimestre de 2022, que havia sido recorde no período para a rede gaúcha:
— O lucro foi menor, mas tivemos geração de caixa recorde para o terceiro trimestre, de R$ 3,3 bilhões. Mesmo com custo de capital mais alto, conseguir continuar gerando caixa é um diferencial. E também conseguimos manter a margem bruta estável, que é alta em comparação com os demais players do mercado. Então, a companhia está saudável e bom boas perspectivas para o quarto trimestre, mesmo em cenário mais difícil.
A Realize, braço financeiro da Renner, detalha Daniel, ainda tem resultado negativo no trimestre, mas já teve setembro e outubro no azul. Os crédito vendidos há mais de 90 dias tiveram queda, o que indica melhora na inadimplência. E a rede gaúcha prepara sua adesão ao Desenrola. Conforme o executivo, o efeito será menos de balanço - porque a maioria das pendências tem mais de um ano e já foi considerada nas perdas - e mais na volta dos clientes para o consumo.
Lembrando que o quarto trimestre de 2022 foi complicado, com Copa do Mundo e eleições, Daniel afirma que há boas perspectivas para as vendas de final de ano. No domingo, a rede gaúcha estreará uma nova campanha institucional, reforçando a "cumplicidade com a mulher brasileira". Ainda não é o tradicional comercial de Natal, mas já prepara o clima para a temporada de compras.
Como o ano tem sido especialmente desafiador para o varejo de moda, com temperaturas altas no inverno e baixas na primavera, a coluna quis saber como a rede gaúcha tem lidado com os desafios da mudança climática.
— O papel da loja é ajustar o sortimento. Se faz mais frio, sempre temos peças que podem ganhar mais evidência na loja. A Renner quer ser mais ágil, ter rápida capacidade de se adaptar. No início de 2024, vamos operar com plena capacidade do nosso CD em Cabreúva, que vai reduzir o tempo entre a chegada do produto lá e o atendimento às lojas de nove para quatro dias — respondeu Daniel.
* Colaborou Mathias Boni