Sim, a crise é grave, muito grave na Argentina. O país não tem nem dólares nem pesos, além de enfrentar um aumento de pobreza sem parâmetros históricos.
Mesmo assim, em um comparativo de indicadores econômicos, o país com o sol no meio da bandeira cava um empate de 4 a 4 com o Brasil (veja tabela abaixo).
A grosso modo, o Brasil vai melhor nos dados de prazo mais curto, portanto de fundo conjuntural, enquanto os hermanos ainda colhem frutos de um passado mais benigno. A jornalista que assina esta coluna só entendeu a profundidade da decadência da Argentina ao contemplar o belo e imenso edifício da bolsa de valores da cidade de Rosário - importantíssima, mas que sequer é capital de província.
Também é preciso ponderar que indicadores que têm o dólar como referência, caso da renda per capita e índice de pobreza, são distorcidos pela barafunda cambial na Argentina. Se os cálculos forem feitos pelo oficial/oficial, ficam subestimados, caso usem o dólar blue, o mais comum no país, podem ficar superestimados. Mas como há um em cada "coluna" - tanto nas vantagens dos hermanos em relação ao Brasil quanto vice-versa -, vale conhecer melhor esses dados.
Indicador Brasil Argentina
Os gols dos hermanos
- IDH* 97º 47º
- Índice de Gini** 0,529 0,42
- Renda per capita US$ 9,45 mil US$ 13,62 mil
- Desemprego 8% 6,2%
Os destaques verde-amarelos
- Inflação em 12 meses 5,9% 138%
- Juro anual 12,25% 133%
- PIB do 2º trimestre 0,9% -2,8%
- Índice de pobreza*** 5,8% 40,1%
(*) IDH: Índice de Desenvolvimento Humano, da Pnud
(**) Indicador de desigualdade: quando mais próximo de zero, menor é a falta de equidade
(***) Percentual da população que vive com menos de US$ 1,90 ao dia