Além de sócios em um novo negócio, Daniel Randon, presidente da Randoncorp, e Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do conselho de administração da Gerdau, comandam negócios com unidades na Argentina.
Nesta quarta-feira (25) ambos fecharam a série de encontros que marcou os 30 anos do Tá na Mesa, reunião-almoço semanal da Federasul, com uma nota de alerta e outra de confiança. Ambos reforçaram a importância de que o Brasil evite cometer os mesmos erros que levaram a Argentina à atual crise, uma das mais graves da história do país.
— A Argentina é um país extremamente complexo, quase não dá para entender. Já teve a quarta maior renda per capita do mundo, mas hoje está em situação catastrófica. É um processo clássico do populismo como destruidor da atividade econômica. Levou o país a se desorganizar e a esse quadro extremamente triste - ressaltou Gerdau.
— A Argentina passa por um momento difícil, provocado por questões fiscais, que será um dos grandes problemas para o próximo governo, seja qual for. Mas o país tem, como o Brasil, uma forte atividade no agronegócio, então pretendemos seguir investindo e crescendo por lá, onde temos 280 funcionários. O ritmo reduziu inclusive porque houve forte estiagem, como no Rio Grande do Sul — observou Randon.
A Gerdau tem uma usina de produção de aço em Pérez, cidade na província de Santa Fé, construída a partir de 2014, a seis quilômetros de uma unidade de laminação já existentes. A Randon também tem duas unidades, uma da Frasle (autopeças) e outras da Randon (produção de semirreboques). Não só por serem empresas estrangeiras, mas por atuarem em segmentos muito dolarizados, ambas sentem os efeitos da incerteza sobre o futuro da moeda americana no país vizinho, que vem reduzindo negócios.
— Quando as movimentações políticas começam a trabalhar em extremos, levam à desorganização. No Brasil, tivemos equilíbrio por muito tempo, mas passamos a observar certo comportamento extremista, que leva a dificuldades de governança. É preciso conciliar visão econômica clara com importante olhar social. Estamos atrasados nas reformas modernizantes que outros países já realizaram — afirmou Gerdau.