Às vésperas da primeira reunião entre o presidente da República e o do Banco Central (BC) que conseguiu articular, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mudou o hair styling, digamos (para os mais antigos, o penteado).
Fisicamente, ficou ainda mais parecido com um antecessor com o qual já vinha vendo comparado no estilo: Pedro Malan.
É essa semelhança - a da maneira de exercer o cargo - que interessa no debate público. Mas um candidato que já venceu uma eleição para a prefeitura de São Paulo e disputou a Presidência da República não deve ignorar o efeito simbólico de uma mudança nos cabelos.
Malan ficou conhecido por ser discreto e conciliador, especialmente em público. Nos bastidores, mesmo nos tempos sem internet, houve disputas de poder que vazaram. Quando se dignou a comentar, atribuiu a diferenças de visão de mundo e do que funcionaria melhor na economia do país em seu tempo.
A coluna já registrou que, em recente conversa com operadores da Faria Lima (a avenida de São Paulo que virou sinônimo do mercado financeiro), ouviu que Haddad havia sido um "boa surpresa", inclusive porque ouvia mais do que falava, em contraste com o antecessor imediato, Paulo Guedes - que na semana passada também fez uma rara frase conciliadora.
Assim como Malan, Haddad já teve escorregões, como quando afirmou que a Câmara dos Deputados estava "com poder muito grande". Mas se empenhou em corrigir o rumo, como agora construiu a ponte entre dois ilustres cidadãos, o presidente da República e o do Banco Central. Mais importante do que dar início a uma bela amizade (perdão, cinéfilos), é preciso garantir que haverá harmonia entre as políticas fiscal - definida pelo presidente e pelo ministro - e a monetária - definida pelo BC. Ponto para Haddad, cada vez mais Malan.