Duas grandes empresas com berço ou parte relevante das atividades no Rio Grande do Sul apresentaram o desempenho do segundo trimestre nesta quarta-feira (9).
Embora tenha sido um trimestre desafiador, para a Gerdau foi bem mais tranquilo: embora o lucro tenha caído 50,1%, como a siderúrgica vinha obtendo ganhos excepcionais, segue robustíssimo: R$ 2,1 bilhões. No caso da Braskem, houve prejuízo de R$ 771 milhões, mas foi quase a metade (45% a menos) da perda de R$ 1,4 bilhão no mesmo período de 2022.
Como são duas grandes exportadoras e ainda têm relevantes operações fora do Brasil, a apreciação do real ante o dólar reduziu os ganhos com essa atividade e ajudou a explicar o desempenho. Mas aí cessam os pontos em comum.
Na Gerdau, juro alto, desaceleração na indústria e no varejo afetaram a demanda nacional por aço, e a empresa manifestou "preocupação" com o aumento das importações de aço no Brasil, incluindo a importação de máquinas e equipamentos). Mas perguntado sobre a expectativa sobre o lançamento do PAC 3, prevista para sexta-feira (11), o CEO da companhia, Gustavo Werneck, manifestou otimismo:
— Não só o anúncio do PAC, há outras coisas acontecendo no Brasil que tendem a fazer com que a demanda de aço entre em ciclo de crescimento. A experiência ao longo dos anos com programas de incentivo com esse, não só no Brasil como nos Estados Unidos, não há dúvida de que vai se traduzir em demanda de aço em 2024. Também vemos uma vigorosa retomada dos lançamentos de empreendimentos imobiliários e o cenário de queda de juro mais acelerada deve ter efeito na demanda de aço ainda em 2023. A reforma tributária vai nos ajudar a resolver problemas históricos de falta de competitividade de exportações.
No caso da Braskem, conforme Rosana Avolio, diretora de relações com investidores, o aumento da produção nacional em relação ao primeiro trimestre, quando houve paradas de manutenção, e alguma recuperação nos preços internacionais ajudou a empresa a "despiorar" o resultado. O CEO, Roberto Bischoff, antecipou-se às perguntas inevitáveis sobre o processo de venda da empresa:
— Não há grandes novidades. A Braskem segue com alguns interessados e não há cronograma previsto para o negócio.
E a preocupação com a concorrência de resinas que entram no Brasil pela Zona Franca de Manaus entrou no radar dos analistas que mercado, que perguntaram sobre o impacto na empresa. Bischoff foi muito cauteloso:
— A tarifa de importação voltou a um patamar abaixo do que era historicamente, mais alinhado ao resto da economia, mas não é algo que afete resultado. Sobre o Reiq, estamos discutindo via Abiquim com o governo federal, com foco grande na apresentação de dados e competitividade da indústria brasileira. Isso sensibiliza o governo. O Reiq já foi aprovado pelo Congresso, falta a regulamentação do Ministério da Fazenda que deve ser publicado em breve. Vamos ver o que de fato o governo vai fazer. Mas está aberto o diálogo para buscar solução para a competitividade da indústria no Brasil.
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