Há duas semanas, a colega Juliana Bublitz chamou atenção, em sua coluna em GZH, ao risco de que a Feira do Livro encolha neste ano, por uma trapalhada na sua viabilização financeira.
Depois disso, o governo do Estado destinou R$ 200 mil, mas ainda faltam R$ 400 mil para garantir que um dos mais tradicionais eventos culturais gaúchos mantenha sua atividade anual.
Todo esse suspense em torno da feira que marca a vida de milhões de gaúchos ocorre porque, pela primeira vez na história, o evento acabou ficando de fora da Lei de Incentivo à Cultura (LIC). Isso significa que eventuais doações para sua realização não terão contrapartida em desconto no pagamento de Imposto de Renda, tanto para pessoas quanto para empresas.
Em um Estado marcado pela grenalização desde há muito, e com polarização acentuada nos últimos anos, há raras unanimidades. A Feira do Livro é uma dessas exceções. É claro que "plantar" todos os anos as barraquinhas na Praça da Alfândega rende disputas e desentendimentos, mas a imagem do evento na opinião pública é irretocável. Combina o interesse pelos livros com a floração dos jacarandás, e o convívio entre discípulos de mestres de todos os tipos, sem custo para os frequentadores.
É bom lembrar que os participantes - mesmo os que enfrentam dificuldades com suas próprias receitas - dão sua contribuição para a realização do evento. Então, qualquer destinação de recursos à Feira do Livro, mesmo que não renda desconto no IR, será um investimento em imagem com altíssimo potencial de retorno. Portanto, associar marcas a esses dias de celebração em um dos cenários mais bonitos de Porto Alegre já compensa com muitas sobrs esse pequeno esforço de contribuição.
O que falta são R$ 400 mil, não milhões. Há muitas empresas no Rio Grande do Sul que tiveram resultados fabulosos, mesmo durante a pandemia, e continuam com desempenho muito bom. É uma oportunidade, também, para dar uma retribuição à sociedade que contribui para esses, o tão comum "give back" de americanos que fizeram sucesso?
Como cada um faz a sua parte e contribui com o que pode, a jornalista que assina essa coluna informa que já atuou - e pretende voltar a atuar neste ano - como vendedora voluntária em uma das barraquinhas da Feira do Livro. Com prazer e orgulho.