Mesmo com os novos aportes de recursos confirmados pelo poder público, a organização da Feira do Livro de Porto Alegre segue distante dos valores inicialmente estimados para tirar do papel o maior evento literário do Estado. De acordo com a Câmara Rio-grandense do Livro, ainda faltam cerca de R$ 400 mil, o que pode levar à redução de atividades tradicionais.
Um dos projetos que pode minguar é o que garante transporte para visitas de alunos de escolas públicas à Feira do Livro. Conforme o presidente da Câmara Rio-grandense do Livro, Maximiliano Ledur, é preciso angariar mais verbas públicas e privadas para garantir as visitações.
— Agora a gente vai pegar todo o valor que a gente tem e vai redesenhar a Feira. O nosso objetivo era trazer 500 turmas para a Feira. É um incentivo à leitura. Mas isso tem um custo de ônibus. E a gente vai ter que reduzir — diz Ledur.
A falta de recursos também pode impactar a quantidade de ambientes de palestra e discussão montados no entorno da Praça da Alfândega.
Um elemento central da Feira, que é a presença de escritores e contadores de histórias, está garantido. Nesta terça, o governo do Estado confirmou a destinação de R$ 200 mil para colaborar na programação do evento, o que inclui os cachês dos escritores mais famosos.
— Não resolve 100% (das demandas da Feira), mas já nos dá a garantia de uma programação bem qualificada. Agora a gente tem de ver o que precisaremos mais — avalia Ledur.
No fim de julho, a prefeitura de Porto Alegre também havia anunciado um aumento de repasse: de R$ 150 mil passou para R$ 250 mil os valores destinados ao evento.
A Câmara Rio-grandense do Livro buscava R$ 870 mil por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LIC). O Conselho Estadual de Cultura, a quem cabe a decisão sobre a distribuição dos recursos da LIC, priorizou outros projetos culturais e não liberou a quantia demandada pelos organizadores do evento literário.
A Secretaria Estadual da Cultura (Sedac) discorda do processo administrativo que, em 2023, deixou sem recursos da LIC eventos de maior porte como a Feira do Livro de Porto Alegre e o Acampamento Farroupilha.
A titular da pasta, Bia Araújo, que tem cerca de um terço dos assentos do Conselho, diz que o governo do Estado vai agir para que isso não se repita.
— O que eu posso dizer é que isso não vai acontecer novamente, essa fragilidade da gestão dos recursos públicos — diz a secretária estadual da Cultura.
A Câmara Rio-grandense do Livro ainda aposta na captação de verbas junto à Assembleia Legislativa e à Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Os organizadores também buscam a ampliação de patrocínio da iniciativa privada para o evento cultural.