Depois da melhora na perspectiva da nota de crédito do Brasil pela S&P, da deflação no IPCA cheio de junho e no IPCA-15 de julho e do aumento do rating pela Fitch, não há mais dúvida: na próxima quarta-feira (2/8), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) vai abrir o ciclo de baixa no juro básico.
A dúvida é sobre o tamanho do primeiro corte. Muitos economistas seguem apostando em uma poda simbólica de 0,25 ponto percentual, que estaria alinhada à palavra "parcimônia" usada na ata da reunião anterior. Mas até uma associação de bancos - justa ou injustamente, sempre associados a um suposta preferência por taxas mais altas - já aposta em corte de 0,5 ponto percentual.
Nesta sexta-feira (28), a assessoria econômica da Associação Brasileira de Bancos (ABBC) publicou nota em que oficializa sua convicção de que "há plenas condições para o início da flexibilização monetária, com uma queda na Selic de 0,5 p.p.". Ao justificar a aposta, pondera que "a decisão estaria alinhada ao balanço de riscos favorável, ao consistente processo de desinflação e à queda das expectativas, e ajudaria a reduzir o grau de aperto monetário".
Everton Gonçalves, superintendente da área, lembra que a taxa real de juros ex-ante, calculada com base na taxa prefixada do swap de 360 dias e nas expectativas inflacionárias para os próximos 12 meses, tem oscilado em torno de 7% ao ano, patamar muito acima dos 4,5%, considerada a taxa neutra - que não provoca contração nem estimula crescimento - pelo Banco Central.
Além de menor pressão inflacionária e redução das incertezas no âmbito fiscal, Gonçalves aponta a contribuição da "tramitação favorável" do marco fiscal no Congresso e a aprovação da reforma tributária na Câmara. E afirma que a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de manter a meta de inflação para os próximos anos em 3% ajudou na chamada "reancoragem das expectativas" desejada pelo Copom.
— A percepção de um cenário fiscal mais benigno foi compartilhada pela recente elevação da classificação do risco soberano pela agência Fitch — destaca Gonçalves.