O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
A empresária gaúcha Alyssa Bruscato é a segunda maior acionista da Saraiva, com 15,3% dos papéis da companhia. Desde janeiro, ela está em um imbróglio com a rede de livrarias, que entrou em recuperação judicial em 2018.
O litígio entre as partes teve origem em um questionamento sobre o contrato para o pagamento de cerca de R$ 30 milhões em créditos à empresa KR Capital, responsável pela gestão interina durante a recuperação judicial, e que possui entre os associados o antigo CEO não estatutário da própria Saraiva, Marcos Guedes. Guedes deixou a posição de CEO da Saraiva em 14 de junho, mas permaneceu como membro do conselho de administração.
Antes da renúncia de Guedes, em 6 de junho, Alyssa juntou aos autos da recuperação judicial da Saraiva um laudo de um perito apontando a falsificação da ata da reunião do conselho de administração da Saraiva realizada em 29 de dezembro de 2020, quando ocorreu a contratação da KR Capital e seu sócio, Marcos Guedes, passou a ocupar o cargo de CEO da empresa.
— Contratamos um perito criminal aí em Porto Alegre para analisar essa ata e verificar se houve realmente algum problema. Aí o perito chegou à conclusão de que alguns trechos da ata, mais especificamente que mencionavam a data, foram colocados posteriormente no documento — afirma o advogado de Alyssa Bruscato, Marcelo Martin.
Meses antes, em janeiro, Alyssa já havia conseguido a suspensão de uma assembleia geral ordinária de acionistas da Saraiva que deveria aprovar um aumento de capital com pagamento ao redor de R$ 30 milhões em crédito à KR Capital.
Também segundo o advogado de Alyssa, questionamentos da acionista acerca de "movimentações atípicas" fizeram a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tornar réu Jorge Saraiva Neto, diretor-presidente da Saraiva e neto do fundador da rede.
— O que nós sempre buscamos neste caso foi transparência. Agora, nosso foco é buscar a responsabilização de todos que prejudicaram a empresa nesse processo — reforça o advogado Marcelo Martin.
* Colaborou Mathias Boni