Depois que as bolsas europeias encerraram um dos piores dias depois do impacto da pandemia de covid-19, surgiu a informação de que o governo da Suíça avalia com o Credit Suisse ações para estabilizar a crise do banco.
As ações do segundo maior banco do país - só atrás do UBS - despencaram quase 24% depois que seu principal acionista, o Saudi National Bank (que por sua vez, tem 37% de seu capital detido pelo fundo soberano da Arábia Saudita) avisou que não faria novos aportes.
Em entrevista à Bloomberg TV, o presidente do Saudi National Bank, Ammar Al Khudairy, disse que havia "várias razões" para a decisão, mas a principal tinha natureza "regulatória e estatutária". Se os sauditas não gastam dinheiro à toa, o governo suíço terá de fazer a sua parte. Já depois do fechamento dos mercados na Europa, o banco central da Suíça comunicou oficialmente que "se necessário", fornecerá liquidez ao Credit Suisse.
Qualquer problema mais sério com essa tradicional instituição terá impacto muito maior do que a quebra do Silicon Valley Bank (SVB). Em 2022, o banco reportou US$ 574 bilhões em ativos, 37% abaixo dos US$ 912 bilhões do final de 2020 e também abaixo dos cerca de US$ 815 bilhões de 2021. Então, além de ser mais de duas vezes maior do que o SVB, o Credit Suisse tem presença global, com várias unidades fora da Suíça e grande inteconexão global. Até o ano passado, era o 45º maior banco do mundo, mas perdeu posições com o derretimento dos ativos.
Se o fantasma do Lehman Brothers já rondava o sistema financeiro, a volta da expressão "too big to fail" reforça a inquietação. Por ora, a ação do governo da Suíça atenuou as perdas nos mercados que seguiam abertos, como Nova York e Brasil. Aqui, a bolsa esteve perto de perder o nível dos 1oo mil pontos (faltaram só 715 pontos), mas acabou suavizando a queda no final do dia, para fechar com alentadores -0,25% (ainda pode haver algum ajuste, mas os negócios já se encerraram). O problema vai ser o dia de amanhã: vai aparecer mais algum too big to fail?