Mesmo com pouco espaço nas estimativas de mercado da defasagem entre preços internacionais e domésticos, a Petrobras anunciou nesta quarta-feira (22) uma redução de 4,47% nos preços do diesel em suas refinarias, ou R$ 0,18 por litro.
Como antecede em poucos dias a entrada em vigência do aumento na proporção de biodiesel de 10% para 12%, que resultaria - conforme o próprio governo- aumento de R$ 0,02 por litro, o movimento é calculado para não impactar preços ou inflação. Como "sobra", também atenua o impacto do realinhamento das alíquotas de ICMS sobre o combustível, embora não a neutralize - o que vai depender do comportamento do petróleo e do dólar.
No cálculo da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), havia espaço menor do que o anunciado pela Petroras. Ou seja, a estatal fez um movimento não usual. No boletim publicado nesta quarta-feira (22) com base em dados da véspera, o diesel no Brasil estaria apenas 2% acima dos valores de referência. Nesse patamar, não há pressão de repasse, exatamente por representar diferença pequena.
No entanto, o preço do barril de petróleo tipo brent - que a Petrobras usa como referência para aplicação de sua política de preços - acumula queda de US$ 10 em 15 dias: de US$ 86,18 em 6/3 para US$ 75,32 na terça-feira (21). No mesmo período, o dólar subiu apenas 1,5% (de R$ 5,17 em 6/3 para R$ 5,246 na terça-feira (21). Nesta quarta-feira (22), as duas cotações estão praticamente estáveis até o final da manhã.
Mesmo que os preços do diesel estejam mais pressionados no mercado global, a Petrobras pode justificar a acomodação das pressões internas - tanto o aumento na mistura de diesel quanto, em tese, a do realinhamento das alíquotas de ICMS sobre o combustível. Inclusive porque, como a coluna já explicou, o cálculo exato de sua Paridade de Preços de Importação (PPI) não é conhecido.