O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
Os investimentos na Malha Sul, cuja concessão pertence atualmente à Rumo, foram tema de debate em encontro nesta terça-feira (28), em São Paulo, entre a comitiva gaúcha, liderada pelo vice-governador Gabriel Souza, e a diretoria da empresa. O vice-governador lembra que que a concessão da ferrovia no trecho Sul vence em 2026 e diz "que não é possível permanecer mais quatro anos com o modelo atual".
De fato, para se ter uma ideia, em 25 anos de contrato com a Rumo, a malha gaúcha perdeu 1,5 mil quilômetros de extensão. Dos 3,15 mil quilômetros ativos em 1997 — ano do início da concessão — restaram apenas 1,65 mil quilômetros, ou seja, praticamente a metade do traçado foi suspensa. ,
— Vamos marcar audiência com o ministro dos Transportes, Renan Filho, para entender a política que o governo federal pretende implementar nesta área — antecipou Souza à Coluna. Ele acrescenta que a ferrovia está subutilizada, sem investimentos na melhoria da malha e dos vagões, além de ser deficitária à concessionária.
O Rio Grande do Sul responde por 22% dos 7,2 mil quilômetros distribuídos pelos quatro Estados (RS, SC, PR e SP) que formam a Malha Sul. Em março do ano passado, a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) chegou a lançar edital para contratação de serviços técnicos.
A ideia era viabilizar a prorrogação antecipada da concessão ferroviária à Rumo, mas com a definição de diretrizes para os investimentos. A atual situação determina que, a cada ano, segundo dados da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura (Camaralog), o Estado deixa R$ 125,3 bilhões, quase 21,5% do Produto Interno Bruto (PIB), nas estradas, em razão dos gargalos logísticos.
Priorizar esses temas de resolução complexa, no início da gestão ou de forma antecipada, pode auxiliar a gerar conclusões em tempo hábil. E o desenvolvimento econômico agradece.