Durante o governo que termina, o dólar foi dos R$ 3,87 do último dia útil de 2018 a R$ 5,28 no fechamento de terça-feira (27). Ao longo dos últimos quatro anos, chegou a encostar em R$ 6 - sem atingir essa barreira psicológica - em maio de 2020, por crise política.
Em boa parte para impedir que a cotação da moeda americana em reais subisse ainda mais -embalada pelo incentivo do ministro da Economia, Paulo Guedes à estratégia "juro baixo, dólar alto", o Banco Central fez várias intervenções no mercado de câmbio. Esse foi um dos motivos da queda das reservas internacionais do Brasil de US$ 374,7 bilhões no primeiro dia útil de 2019 para US$ 329,5 bilhões pelo dado mais recente disponível no BC.
A redução foi muito concentrada neste ano, que ainda começou com US$ 361,4 bilhões "nos cofres" - virtuais, no caso. Só em 2022, portanto, houve redução de US$ 31,9 bilhões. Em reais, equivale a R$ 168,8 bilhões, valor praticamente igual ao da PEC da Transição. Só não é exatamente o mesmo porque o futuro governo conseguiu um extra de R$ 9,8 bilhões graças à repartição da herança do orçamento secreto.
Como a quantia envolvida na PEC provocou tanta celeuma no país, é justo que se aponte que valor equivalente foi "gasto", só nas reservas internacionais, com muito menos visibilidade. É bom lembrar que as reservas já haviam alcançado o topo de US$ 401,6 bilhões em 23 de agosto de 2019. Essa é uma rara estratégia que foi preservada - ainda que com "retiradas" - ao longo de vários governos. Seu objetivo é evitar que, em momentos de turbulência internacional, o real perca valor frente ao dólar e provoque mais problemas dentro do país.