O preço do petróleo no mercado internacional, que ultrapassou a barreira dos U$ 120 em junho, fechou uma semana abaixo de US$ 100, patamar acima do qual havia se estabelecido desde a invasão da Ucrânia.
A queda é atribuída ao medo de desaceleração e até de recessão global. Os Estados Unidos, é bom lembrar, já estão em recessão técnica: dois trimestres seguidos com variação negativa do PIB: recuo de 0,9% de abril a junho se seguiu à queda de 1,6% de janeiro a março, ambas em relação a igual período de 2021.
As maiores quedas de preço nos combustíveis entre junho e agosto foram detectadas nos EUA e nos países europeus, que já vinham estocando diesel para garantir suprimento no segundo semestre. No país, só para pinçar um exemplo (veja outros na tabela abaixo), de 13 de junho a 1º de agosto, o preço do litro do diesel caiu de US$ 1,51 para US$ 1,36 nos Estados Unidos. Parece pouco em dólares, mas a diferença equivale a R$ 0,78, quase quatro vezes mais do que a baixa simbólica anunciada pela Petrobras na semana passada.
No Brasil, como em outros países de economia emergente, a cotação dolarizada do petróleo aumenta a defasagem dos combustíveis no mercado interno quando há desvalorização da moeda nacional. O Brasil importa cerca de um terço do diesel usado no país, o que aumenta a dependência brasileira em relação ao produto.
Dessa forma, a baixa no preço do diesel brasileiro foi simbólica, como na Argentina, no Uruguai e na Colômbia. Com a redução exportação do gás natural por parte da Rússia a partir do início da guerra com a Ucrânia, ainda no início deste ano, aumentou a demanda por diesel no mercado internacional, o que fez o preço do combustível crescer até junho e se tornar inclusive mais caro ou com o preço equivalente ao da gasolina em diversos países.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) divulgado segunda-feira (8), o preço do diesel no mercado brasileiro está 14% acima do praticado no mercado internacional. Isso significa que seria possível uma redução de R$ 0,64 por litro — três vezes mais do que a baixa anunciada pela Petrobras — e manter a política de paridade de preços da estatal.
Apesar da queda recente do valor do petróleo, se a exportação de gás da Rússia continuar baixa ou até for interrompida nos próximos meses, quando chegar o inverno no hemisfério norte a demanda pelo diesel pode voltar a crescer, porque o combustível é o principal substituto do gás natural. Para evitar esse quadro, a União Europeia fez um programa de redução de 15% no uso de gás neste final de verão. Se não der certo, o preço do diesel pode voltar a subir, inclusive no Brasil.
Os preços dos combustíveis (em US$ por litro, atualizados até 13/6):
País: Diesel | Gasolina
Hong Kong: 2,77 | 2,99
Suécia*: 2,61 | 2,29
França*: 2,18 | 2,18
Alemanha*: 2,12 | 2,02
Uruguai: 1,62 | 2,02
EUA*: 1,51 | 1,37
Brasil**: 1,34 | 1,41
México*: 1,13 | 1,15
Argentina: 0,99 | 1,05
Colômbia*: 0,59 | 0,60
Venezuela*: 0,02 | 0,02
Irã: 0,01 | 0,05
Os preços dos combustíveis (em US$ por litro, atualizados até 1º/8):
País: Diesel | Gasolina
Hong Kong: 2,75 | 2,98
Suécia*: 2,35 | 1,97
França*: 1,93 | 1,86
Alemanha*: 1,98 | 1,78
Uruguai: 1,59 | 1,99
EUA*: 1,36 | 1,18
Brasil**: 1,44 | 1,14
México*: 1,15 | 1,18
Argentina: 0,91 | 0,97
Colômbia*: 0,57 | 0,58
Venezuela*: 0,02 | 0,02
Irã: 0,01 | 0,05
*países em que o diesel está mais caro ou com preço equivalente;
** preços do Brasil não incluem a redução anunciada na última quinta-feira
Fonte: globalpetrolprices.com
* Colaborou Mathias Boni