O petróleo vai para o terceiro dia seguido abaixo de US$ 100. Nesta quinta-feira (14), o barril do tipo brent, que serve de referência para a Petrobras, cai mais 2%, para US$ 97,54.
No placar da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o diesel vendido no país já está 1% acima da referência internacional, enquanto a gasolina ainda está 5% abaixo do mercado, ou seja, com defasagem.
Apesar de o mercado de combustíveis no Brasil estar influenciado por vários tipos de redução tributária, o preço de referência internacional ainda rege — até onde se sabe — a política de preços da Petrobras. Então, a consolidação do barril abaixo dos US$ 100 abre expectativa de diminuição dos valores cobrados nas refinarias, inclusive as que já foram privatizadas. Os contratos de brent para dezembro na bolsa de Londres já são cotados a US$ 90.
O que significa o "mas..." lá no título? O problema é a origem do "alívio": a projeção de forte desaceleração, se não recessão, na economia global. Foi o que justificou o relatório do Citigroup que menciona preço do brent em US$ 65 no final do ano. É uma estimativa fora da curva, inclusive por não prever a previsível reação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) — sem mencionar os imponderáveis efeitos da guerra na Ucrânia —, mas a expectativa de queda na cotação é de manual: se o mundo roda em menos velocidade, consome menos petróleo.
A política da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação, adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, com preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.