Um dos impacto econômicos da guerra entre Rússia e Ucrânia que mais preocupa os produtores brasileiros é a redução no volume de importação de fertilizantes russos. Uma das poucas alternativas de produção doméstica que não dependem de insumos importados é a produção a partir de rochas.
Em todo o Brasil, existem apenas 30 empresas autorizadas pelo Ministério da Agricultura, como mostrou o Jornal Nacional na semana passada (clique aqui para ver o vídeo). Dessas, uma — mas só uma — está no Rio Grande do Sul: é a Fida, com unidades em Caçapava do Sul e Pantano Grande.
No mercado há 68 anos, a fabricante de calcário agrícola é a única empresa gaúcha autorizada a produzir fertilizantes a base de rochas. O elemento remineralizador da empresa é chamado Mineraliza Fida e começou a ser desenvolvido a partir de pó de rochas em 2009.
— Começamos a estudar as rochas, e três foram selecionadas com base no volume de nutrientes e nas características agronômicas. A etapa de estudo e classificação se estendeu por sete anos — detalha Luciano Marques, engenheiro químico e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do fertilizante natural.
Em 2016, a empresa solicitou um estudo de eficiência agronômica na Embrapa Clima Temperado de Pelotas. Após cinco anos,obteve a certificação. O remineralizador é considerado um fertilizante natural de ação gradual. Ou seja, libera nutrientes no solo ao longo dos anos.
— A introdução desse material gera rejuvenescimento e revitalização do solo com vários minerais. Esses minerais formaram novas argilas com maior capacidade de retenção de água, melhorando a permeabilidade do solo — pontua Theodora Cioccari, uma das sócias da empresa.
Conforme informou a colunista Gisele Loeblein, o Brasil é o quinto maior consumidor de fertilizantes, mas tem apenas 2% da produção global. Para dar conta da demanda, importa entre 80% e 85% do volume usado. A Rússia representa 20% desse montante.
Na avaliação de Theodora, diante do cenário de instabilidade de preços e fornecimento de fertilizantes, os produtores estão adotando novas tecnologias de manejo, aplicação e ciclagem de nutrientes.
— Estamos sempre buscando novas tecnologias. É um trabalho de bastante tempo, por isso ficamos felizes, mas não surpresos, por ser a primeira empresa o obter esse registro no Estado. Temos certeza de que o produto pode ajudar muito na atual situação, que pode ocasionar escassez — finaliza Theodora.
* Colaborou Camila Silva