O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Inteligência Artificial (IA), Machine Learning, Computação na Nuvem e 5G serão as tecnologias mais importantes para o ano que vem, na opinião de líderes mundiais. É o que diz o Estudo Global, realizado pelo Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE). Para Jefferson Nobre, membro do IEEE e professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), as tecnologias destacadas na pesquisa devem crescer pelo país, com o advento do 5G.
Os líderes brasileiros em TI, entrevistados acreditam que o setor de serviços financeiros (54%), seguido por entretenimento (48%) e manufatura (44%) foram as três áreas mais impactadas pela tecnologia em 2021. Para 64% deles, o crescimento tecnológico será incontrolável nos próximos anos. E 48% acreditam que, nos próximos 10 anos, metade ou mais do que é feito por humanos será aprimorado por robôs.
O que diz o estudo do IEEE?
O estudo mostra que esses fatores têm capacidade de se potencializar entre si. Hoje, existem dispositivos de alta velocidade e um tempo menor de resposta. Aliado a isso, virá a capacidade de servidores em nuvem que estão cada vez mais disponíveis e com menores custos. Há ainda o desenvolvimento de IA. Na prática, o dispositivo pode acessar a nuvem e essa nuvem pode executar tarefas de IA com grande capacidade. Ou seja, traz a capacidade de algoritmos, antes restritos a sistemas muito sofisticados, para os dispositivos móveis. O estudo envolveu 350 diretores de tecnologia, diretores de informação e diretores de TI. Um em cada cinco especialistas (21%) apontou a IA e Machine Learning como os principais destaques tecnológicos para 2022. Computação na nuvem (20%) e a banda 5G (17%) também foram citadas. E 95% deles concordam - incluindo 66% que concordam fortemente - que a IA conduzirá a maior parte da inovação em quase todos os setores da indústria nos próximos 5 anos.
Quais soluções surgirão?
Algumas são bem conhecidas. É o caso da telemedicina. Hoje, as consultas são remotas, mas com a velocidade do 5G será possível transferir exames em alta resolução, ou analisá-los com outros recursos. Cria-se um ambiente para a telemedicina que permite fazer na esfera digital o que só se faz em hospitais. Na internet das coisas, espera-se aplicações cada vez mais avançadas para o agronegócio, com a possibilidade de ter alta velocidade em conjunto com sensores. Isso deve gerar aplicações mais inteligentes no campo. A terceira área seria a indústria 4.0, ou a manufatura, interligando a cobertura móvel do 5G com recursos em nuvem. São infinitas possibilidades.
Há mudança nos celulares?
Os celulares evoluíram muito, mas algumas tarefas que necessitam de mais poder de processamento, com o 5G, serão possíveis. Isso porque consegue-se conexão suficiente para acessar a nuvem e ampliar as funcionalidades. Vídeos e chamadas em alta resolução serão facilitados. Cada vez que se amplia a capacidade da rede, aumentam as possibilidade de entretenimento, que será bastante impactado.
O que pensam os líderes sobre os robôs?
Para 48% deles, nos próximos 10 anos, metade ou mais do que é feito por humanos será aprimorado por robôs. Sempre que falamos em 5G pensamos no celular, mas essas conexões podem ser usadas por equipamentos e dispositivos. Assim, imagine um robô com acesso a nuvem e IA. Eles não dependerão mais de conexões internas e, com isso, espera-se que muitas das ações hoje feitas por humanos sejam passadas para robôs. Os robôs domésticos que fazem a limpeza de casa, são um exemplo. Outro, é aquela tarefa mais repetitiva da manufatura. Pensamos em robôs personificados, mas a tendência é uma elevação em recursos educacionais, mais inteligentes, e que que sejam customizados para os usuários. São agentes inteligentes que poderão auxiliar na educação e contribuir com a formação de profissionais.