Em contraste com os grandes ágios do dia anterior, nesta sexta-feira (5) houve um susto no leilão que representa a implantação da quinta geração de de telefonia móvel (5G) no Brasil.
As grandes operadoras, Claro, TIM e Vivo, arremataram frequências nacionais, mas a maioria das regionais não receberam ofertas, quer dizer, tiveram lotes "desertos" como se diz no jargão do certame.
A situação foi surpreendente porque as empresas haviam apresentado garantias para esses lotes, ou seja, estavam aptas a disputar, mas, na hora H, decidiram não fazer ofertas. A primeira manifestação foi da Vivo, que avisou que não ofereceria lances para 16 lotes de 26 gigahertz (GHz). Foi possível ver o susto na expressão do coordenador do leilão, que chamou os colegas de mesa apara deliberar sobre o que fazer.
Depois, foi a vez da TIM fazer o mesmo para uma outra sequência de vários outros lotes. Nos dois casos, haviam sido as únicas empresas a dar garantias, ou seja, só elas poderiam fazer ofertas. Assim, os lotes foram considerados "desertos".
O espectro de 26 GHz é o que tem maior capacidade de transmissão de dados e menor espera de resposta (latência). Por isso, é a que deve abrigar tecnologias disruptivas, como internet das coisas - aquela em que a geladeira "conta" o que está faltando - e automação industrial. Até agora, dos lotes H1 a H37, só quatro foram arrematados. Outros 33 ficaram "desertos".
Além disso, é a fatia do leilão que prevê como contrapartida a implantação de internet das escolas públicas de ensino básico. A meta não será totalmente inviabilizada, porque as grandes operadoras deram lances e garantiram parte da arrecadação de R$ 7,6 bilhões necessária para o programa. Mas pode não alcançar todo o valor previsto.
Os lotes H arrematados e os desertos
H1 a H18: desertos
H19: TIM (Região Sul)
H20 a H24: desertos
H25: TIM
H26 a H30: desertos
H31: TIM
H32 a H36: desertos
H37 a H41: Algar
H42: FlyLink
Conforme informações da Anatel, o valor econômico final da oferta da frequência de 26 GHz foi de R$ 3,03 bilhões. O custo total do programa de implantação nas escolas básicas públicas foi estimado em R$ 5 bilhões, para uma arrecadação final prevista de R$ 7 bilhões. Emmanoel Campelo, presidentes substituto da agência reguladora, disse acreditar que os R$ 3,03 bilhões efetivamente disponíveis, menos da metade do valor originalmente previsto, "serão suficientes para levar banda larga a todas as escolas do Brasil". Mas é uma crença.
As contrapartidas do leilão
Oferta de 5G em todas as capitais até julho de 2022
Implantação de rede privativa de comunicação para a administração pública federal
Operação de internet 4G nas rodovias
Instalação da rede de fibra óptica na região amazônica, por via fluvial
Financiamento da migração da TV aberta via satélite da banda C para a banda Ku, o que inclui substituição de parabólicas para famílias de baixa renda
Garantia de internet móvel de qualidade nas escolas públicas de educação básica