Neste momento em que aviões voltam a decolar em grande quantidade no mundo, o destino de uma das grandes companhias aéreas que operam no país voltou ao debate público, como já havia ocorrido em maio passado.
Com a Latam, que uniu a chilena Lan à brasileira TAM, em recuperação judicial nos Estados Unidos, a Azul adotou um discurso agressivo: voltou a dizer que pretende comprar a concorrente e até fixou data para o negócio: o início de 2022.
Ao conversar com o diretor de vendas e marketing da Latam, Diogo Elias, que esteve em Porto Alegre na semana passada, a coluna não poderia ter deixado de perguntar sobre o assunto. Esperava uma resposta mais protocolar e evasiva, mas obteve uma muito direta:
– A Latam não está à venda. Qualquer pessoa da Azul pode falar o que quiser, mas o fato é esse.
Segundo Elias, até o próximo dia 26, a Latam tem prazo para entregar seu plano de recuperação à Justiça de Nova York, onde foi apresentado o pedido de proteção contra credores, por lá chamado de "chapter 11" e equivalente aproximado à recuperação judicial no Brasil. Conforme o executivo, até essa data a Latam tem exclusividade na apresentação do plano. Ele admite que houve muita compra de dívida da companhia por pessoas e empresas, então outras alternativas "podem aparecer", mas até essa data, a empresa tem precedência e já está organizada:
– Consideramos nosso plano suficiente e muito bom.
Conforme Elias, a pandemia provocou a "pior crise da história da aviação", mas fez as empresas tomarem decisões rápidas", revisando quadro de funcionários, fornecedores, tudo o que poderia ser feito para reduzir custos e aumentar eficiência para "renascer mais fortalecidas":
– A Latam está com bases e destinos novos, por enquanto mais dentro do Brasil do que para o Exterior, porque a alta do dólar e as diferentes regras de entrada em cada país desestimulam.
O executivo afirma que, desde agosto, a Latam voltou a ser líder de mercado no país em quantidade de passageiros transportados e tem a maior malha. Uma das adaptações feitas pela empresa foi na estrutura da malha, com grande reforço no Nordeste, porque a demanda está maior para o lazer do que para negócios. Nesse segmento, afirma, o volume de pessoas já superou o de 2019, ou seja, o que havia antes da pandemia. No geral, acrescenta, ainda faltam 15%.
No Rio Grande do Sul, por enquanto o plano de voo da Latam se resume à retomada da conexão direta entre Caxias do Sul e São Paulo. Em 19 de outubro, a companhia voltou a fazer voos entre Guarulhos e Ezeiza, o aeroporto internacional que serve a Buenos Aires, na Argentina, então surgiu uma alternativa ao famigerado voo de R$ 52 mil entre Porto Alegre e a capital argentina. Claro, a coluna perguntou sobre uma ligação direta a partir do Salgado Filho, mas a resposta foi negativa.