Complicou. O governo Bolsonaro, com apoio de parlamentares e até parte do empresariado, tentava avançar o projeto do "imposto sobre tudo" para desonerar a folha de pagamento de todas as empresas brasileiras, como opção à renovação do benefício apenas para os 17 segmentos que já contam com o benefício.
No entanto, conforme o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), que havia sido convencido a tentar emplacar a alíquota de 0,1% sobre movimentações financeiras, a alternativa foi "enterrada de vez".
Segundo Goergen, como faltou apoio em vários setores, o governo sequer apresentou formalmente a proposta, como havia ficado combinado. Agora, porém, segundo o relator do projeto que prorroga a desoneração da folha de pagamento dos 17 setores com maior peso de salários na atividade, há risco até para a prorrogação:
— Todos os setores correm o risco de voltar a oneração. Se não passar na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na quarta fica muito difícil.
O projeto do deputado Efraim Filho (DEM-PB) prorroga até 2026 a troca do recolhimento da contribuição patronal à Previdência a de 20% sobre a folha de pagamento por um percentual 1% a 4,5% sobre o faturamento bruto. Da forma como está encaminhado, tem custo anual estimado entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões. E não há previsão no orçamento de 2022 para bancar essa renúncia fiscal.
Embora tema pelo futuro do projeto, que não conta com a boa vontade do ministro da Economia, Paulo Guedes, Goergen espera que, se o financiamento do Auxílio Brasil for viabilizado com a PEC dos Precatórios, será criado também espaço fiscal para a prorrogar, sem estender, a desoneração da folha. O parlamentar gaúcho admite que a solução de "prorrogar" o pagamento de precatórios não é boa — "é bastante perigoso, vai jogando uma dívida para a frente". Mas pondera:
— Essa é a grande prioridade do governo. Acertado o Bolsa Família, até acho que os 17 setores entram, mas aí tem de ter o projeto tramitando, porque o governo fazer um novo projeto, acho que não faz. Não podemos errar.