Enquanto os gaúchos esperam o desfecho da venda da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) à Ultrapar, dona da rede de postos Ipiranga, previsto para o final de outubro, Petrobras teve de voltar atrás em uma das oito unidades que quer privatizar.
Na quarta-feira (25), a estatal comunicou que os interessados na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), uma das envolvidas nas investigações da Operação Lava-Jato, "declinaram formalmente" de fazer uma oferta de compra.
Na mesma nota, afirma que a venda da Refap e de outras três unidades continua em andamento "visando a assinatura dos contratos". A Abreu e Lima, em Pernambuco, esteve no coração das investigações de corrupção da Lava-Jato, entre outros motivos pelo alto valor do investimento na unidade. No balanço de 2014, a Petrobras reconheceu prejuízo de R$ 9,1 bilhões nessa refinaria.
Apesar da origem conturbada, o fracasso da venda da Abreu e Lima não é atribuído aos problemas na sua implantação. Apesar dos problemas, a unidade está operando com capacidade para processar 130 mil barris de petróleo por dia. Analistas consideram o risco de interferência do governo nos preços o principal problema para o avanço do processo. Esse fator foi apontado por Fernando Borges, diretor executivo de Exploração e Produção da Petrobras, à epbr, publicação digital especializada em energia.
— É um dos riscos que não está tornando fácil à Petrobras vender suas refinarias. Esse histórico de interferência no Brasil é longo e, quando se tem alternância de governo, pode ter um outro que acha que é a solução controlar preço — afirmou o executivo à publicação.
Até agora, a Petrobras conseguiu fechar negócio em apenas duas das oito unidades que quer repassar à iniciativa privada: a Landulpho Alves, na Bahia, vendida por US$ 1,65 bilhão ao Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, e a Isaac Sabbá, no Amazonas, comprada por US$ 189,5 milhões pela Ream Participações, dos sócios da Atem’s Distribuidora de Petróleo, que atua na Região Norte.