Com exceção da Corsan, que também tem estimativa de render cerca de R$ 3 bilhões em recursos — com ao menos parte usada na própria companhia —, a maior arrecadação do Estado com privatizações será mesmo a da CEEE-T, vendida nesta sexta-feira (16) por R$ 2,67 bilhões.
Na "fila da privatização" gaúcha, a próxima é a Sulgás, porque a venda da CEEE-G só está prevista para o final do ano. Conforme o presidente da CEEE, Marco Soligo, ainda há pendências regulatórias e financeiras a serem resolvidas para elaborar o edital de privatização da dona de o braço de geração da companhia.
Conforme Soligo, o que fez a Sulgás passar à frente da geradora é a necessidade de definir como ficam as usinas em que a estatal tem participação, mas não o controle do empreendimento. A CEEE-G tem cinco hidrelétricas, oito pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e duas centrais geradoras hidrelétricas (CGHs), que somam potência instalada de 909,9 megawatts (MW).
Outros 343,81 MW da geração que passam pela CEEE-G vêm de projetos em consórcios ou feitos por meio de Sociedades de Propósito Específico (SPEs). Então, uma das questões que precisam ser resolvidas é separar o que entre e o que não entra no leilão. No caso da CEEE-T, havia uma situação semelhante, mas mais simples, porque eram apenas duas empresas e um sócio, a própria Eletrobras. Também será preciso resolver "liquidações inadimplentes" no mercado de energia.
As usinas hidrelétricas da CEEE, embora estejam com a manutenção em dia, são antigas, como a Passo Real, que originou o maior lago artificial do Estado e completou 50 anos em 2018. Com isso, o comprador terá necessidade de investir um valor elevado na modernização das estruturas. O preço mínimo do braço gerador, portanto, não poderá ser muito elevado.
Os próximos passos das privatizações gaúchas
CEEE-T
Os R$ 2,67 bilhões arrecadados com a venda de 66% do braço de transmissão da estatal gaúcha devem entrar nos cofres do Estado dentro de 90 dias, disse Leite. A transição, segundo o presidente da CEEE, Marco Soligo, começa já na próxima semana, e a CPFL deve assumir a empresa em até três meses. Presidente da CPFL, Gustavo Estrella afirmou que a nova controladora vai investir R$ 1,5 bilhão na CEEE-T em cinco anos. Estrella também afirmou que a CPFL vai fazer, em breve, a compra das ações da empresa que não são do governo gaúcho. A Eletrobras é dona de 32,65% da CEEE-T.
SULGÁS
No caso da Sulgás, que teve preço mínimo de R$ 928 milhões definido na segunda-feira (12), só 51% da empresa pertencem ao governo gaúcho. Os outros 49% devem ganhar em breve um novo proprietário: nesta terça-feira (12), a Petrobras informou que a venda da Gaspetro, em que tem associação com a japonesa Mitsui, está na "fase vinculante", já está recebendo as propostas financeiras. O edital será publicado em agosto, e a previsão do governador Eduardo Leite é de que o leilão seja realizado em outubro.
CEEE-G
Conforme o presidente da CEEE, o edital deve ser publicado entre agosto e setembro, com expectativa de realização do leilão em dezembro.
CORSAN
O governo enviou à Assembleia o projeto de lei que autoriza a venda da companhia de saneamento, mas é uma espécie de "cheque em branco": não há detalhamento sobre o formato de venda. Nesta sexta-feira (16), Leite afirmou que a abertura de capital deve ocorrer no "primeiro bimestre" de 2022. O governador também voltou a afirmar que seriam vendidas 70% das ações da empresa, e que o Estado manteria 30%, mas o próprio presidente da Corsan, Roberto Barbuti, tem dito que essa proporção é apenas uma possibilidade.