Ao triplicar os recursos destinados à própria reeleição, em 2022, de R$ 1,8 bilhão para R$ 5,7 bilhões, parlamentares enviaram a seus eleitores uma fotografia do sequestrado: o orçamento público.
O rapto do dinheiro público já havia ficado claro na aprovação da previsão de gastos para este ano, que ocorreu só em março, e o bilhete com a cobrança do resgate veio no episódio do orçamento paralelo, também conhecido como "escândalo do "tratoraço".
Como diz o economista Fábio Giambiagi, que acaba de lançar o livro Tudo Sobre o Déficit Público: um Guia sobre o Maior Desafio do País, a decisão de como gastar os recursos extraídos do Estado de seus cidadãos é a mais importante da República.
No Brasil de 2021, a atividade foi aprisionada por um grupo de parlamentares que, não satisfeitos em garantir gordos nacos do dinheiro público para obras paroquiais que facilitem sua eleição, com R$ 3 bilhões destinados em uma espécie de orçamento paralelo, ainda triplica os recursos para gastar na campanha. Em um momento qualquer seria vergonhoso, no meio de uma pandemia é escandaloso.
Para ficar em um valor muito presente nestes dias de CPI da Covid, o contrato fechado pelo Ministério da Saúde com a Precisa para compra de 400 milhões de vacinas da Bharat Biotech era de R$ 1,6 bilhão, o fundão da vergonha seria suficiente para comprar 1,4 bilhão de doses. Daria para imunizar todos os brasileiros com duas doses por três anos seguidos. Para lembrar, o contrato supostamente superfaturado, com indícios de cobrança de propina ainda está apenas suspenso. Não foi cancelado.