O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Os últimos anos demarcaram a digitalização do sistema financeiro no país. O ingresso das fintechs e dos bancos digitais no mercado tornou serviços e produtos mais acessíveis e provocou uma onda de investimentos em tecnologia.
O resultado está aí. As interações em chats entre clientes e bancos, por exemplo, cresceram 78% em 2020. No mesmo embalo, pessoas físicas demandaram 74% das transações em canais digitais, que, por sua vez, eram responsáveis por 63% das transações bancárias em 2019.
Para se ter uma ideia, o Mobile Bank já representa 44% das operações financeiras nacionais. Os dados da Febraban colocam em números o redesenho do setor no Brasil. Não foram poucas as transformações que moldaram o cenário. E, em curto prazo, existe muito por acontecer.
Depois da revolução do Pix, chegou a vez do Open Banking estimular a concorrência. Com isso, comenta o professor de Finanças da FGV, Alan Genaro, a expectativa é por redução de custos, produtos personalizados e mais autonomia para os clientes, que poderão escolher quando e com quais instituições irão compartilhar os seus dados.
Estudo feito pela Wise – empresa de tecnologia financeira global especializada em envio de dinheiro internacionalmente –, em parceria com a Ipsos, mapeou mais tendências. O hed de parcerias bancárias e expansão da Wise, Pedro Barreiro explica que as plataformas digitais balizam as relações atuais.
Trata-se, segundo ele, de uma "nova ordem financeira" em progresso. E, na esteira das mudanças, há ainda as CBCS – moedas digitais dos bancos centrais – que devem demandar outras rápidas adaptações.
Por isso, a palavra-chave é "transparência". Para barreiro, as principais dificuldades ainda estão ligadas ao entendimento dos processos de ponta a ponta. Caberá, portanto, às empresas demonstrarem, com novos produtos, as possibilidades ainda não captadas pelos consumidores.
A alta da credibilidade no sistema financeiro também depende da forma como as empresas passaram a se comunicar com seus consumidores. Hoje, ela é medida pelo tom das conversas nas redes sociais e, principalmente, pelo tipo de feedback que ela provoca nesses canais. De acordo com o levantamento da Wise/Ipsos, os serviços das fintechs são frequentemente citados como as soluções para os problemas dos consumidores na internet.
Um exemplo desse cenário é, justamente, o crescente interesse pelo Open Banking - especialmente desde o último trimestre de 2020, e que deve seguir em alta nos próximos anos com a perspectiva de lançamento do Open Finance e de novas soluções baseadas no sistema.
Barreiro comenta que a precisão e assertividade da oferta de serviços personalizados transformam de maneira significativa essas experiências. Ainda segundo o estudo, os consumidores mais familiarizados com transações bancárias digitais se mostram mais dispostos a abrirem seus dados em troca de melhores serviços e produtos financeiros.
— As fintechs surgiram para apoiar as diferentes demandas financeiras, aumentando a concorrência no setor e melhorando a experiência do cliente. Esses novos modelos de negócio movimentaram o mercado e contribuíram para a democratização do acesso a soluções que, até então, eram usadas apenas por uma parcela da população. Com as novas tecnologias, a movimentação de dinheiro entre fronteiras também será mais fácil, fortalecendo um ecossistema financeiro mais amplo e globalizado, que se mostra cada vez mais necessário — conclui o executivo da Wise.