Aos poucos, vai ficando mais clara a situação dos cerca de 1,8 mil funcionários da CEEE-D depois da privatização da empresa depois do leilão em que a Equatorial Energia fez o único lance e arrematou a empresa, na quarta-feira (31 de março).
Primeiro, que as mudanças só começam depois de a venda ser aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o que deve ocorrer dentro de dois a três meses.
Depois, existe um acordo assinado com o sindicato da categoria prevendo que demissões só podem ser feitas seis meses após a transferência de controle. Mas nesse período, já avisaram os executivo da Equatorial, há intenção de fazer um programa de demissão voluntária (PDV), para os funcionários que não se alinhem à nova forma de gestão.
— Temos de respeitar os seis meses do acordo coletivo de trabalho, mas isso não impede que façamos PDVs, programas de desligamento — disse diretor financeiro da Equatorial, Leonardo Lucas, na teleconferência realizada na quinta-feira (1º).
Outro sinal dado pela nova controladora é a ênfase no controle do grupo de despesas que inclui pessoal, material, serviços de terceiros e outras despesas. No jargão do setor, esse bloco de custo é conhecido como PMSO, e usado pela Aneel para avaliar reajustes de tarifa. De uma forma muito simplificada, quando o PMSO é muito pesado, a agência reguladora reduz o o percentual autorizado de aumento na conta, por avaliar que há ineficiência.
— O primeiro driver (condutor) de geração de valor é a redução do PMSO, que é hoje de R$ 392 por ano (por consumidor), nível muito superior ao que operamos em nossas distribuidoras hoje, no patamar de R$ 180, R$ 190.
Conforme a apresentação feitas a analistas de mercado, a Equatorial reduziu os gastos com pessoal, material, terceiros e outros em 43% na distribuidora de energia do Piauí e em 38% na de Alagoas em dois anos, entre 2018 e 2020. No caso da CEEE-D, além do quadro de pessoal relativamente grande para o tamanho da empresa, há distorções como a exposta pelo atual presidente do grupo CEEE, Marco Soligo, pouco antes da privatização: cerca de 200 funcionários ganham mais do que ele. A maior parte (43,2%) recebe de R$ 5 mil a R$ 10 mil e 62 empregados ganham mais de R$ 20 mil, conforme dados até outubro de 2020.