Está ligada a contagem regressiva para a mudança no Ministério das Relações Exteriores. Se até há pouco Ernesto Araújo disputava com o colega do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o ranking da rejeição parlamentar e empresarial, conseguiu desempatar o jogo.
Em uma sessão no Senado na noite de quarta-feira (25), Araújo sofreu cobranças diretas e duras. O chanceler, que disse a uma turma de futuros diplomatas, que "é bom ser pária", em outubro passado, transformou-se em um.
Em um depoimento de quatro horas, Araújo foi confrontado por uma dezena de senadores. Tentou se defender, inclusive assegurando que tem uma ótima relação com a China, mas teve de ouvir de um parlamentar que combina influência política com peso econômico, Tasso Jereissati (PSDB-CE):
– Com toda a humildade, faço um apelo: renuncie. O senhor não tem mais condições de continuar à frente do ministério.
E o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) fez coro:
– O senhor realmente cursou o Instituto Rio Branco? O senhor faria bem ao corpo diplomático brasileiro se deixasse o seu posto.
Enquanto atrapalhou negócios, Araújo foi tolerado. No entanto, nas últimas semanas, a dificuldade de estabelecer relação de confiança com parceiros estratégicos na negociação de vacinas e medicamentos, surgiram sinais até de representações diplomáticas no Brasil de que a situação é insustentável.
O chanceler admitiu que não consegue avançar em negociações cruciais com Estados Unidos, Índia e China, que podem representar a saída mais rápida para a situação de colapso na saúde do Brasil. Já existem até indicações de substituto. Uma delas é a do gaúcho Nestor Forster, embaixador do Brasil nos Estados Unidos.