Depois de ter recebido proposta do fundo soberano de Abu Dhabi, o Mubadala, para compra da Refinaria Landulfo Alves (Rlam), na Bahia, a Petrobras encerrou as negociações e recolocou a unidade em oferta. Esse movimento é conhecido no mercado com "rebid", ou seja, o processo de análise de propostas será reiniciado.
Como a coluna havia informado, o rito aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para o que a estatal chama de "sistemática de desinvestimento" prevê uma fase de conversas confidenciais entre a estatal e quem faz a maior oferta.
O que explicaria o "rebid", conforme o mercado, é que essa negociação particular teria chegado a um valor muito diferente do original – dadas as circunstâncias, muito abaixo desse patamar –, o que obrigaria a retomar a disputa, estendendo a oportunidade a outros eventuais interessados.
– Não é fácil vender instalações de refino no mundo, e poucos países investem em novas capacidades, como Brasil, Argentina e México. Para um comprador, o negócio faz sentido porque o Brasil é um mercado muito fechado, é um grande importador de petróleo e ainda deve demorar para que os carros elétricos ganhem volume – observa João Luiz Zuñeda, sócio-fundador da Maxiquim, consultoria na área de petróleo.
A Rlam foi a primeira refinaria construída no Brasil, em São Francisco do Conde, e uma das mais citadas durante a Operação Lava-Jato, em decorrência de uma ampliação que a transformou na segunda maior unidade da Petrobras no Brasil, em capacidade de refino. O Mubadala é o fundo soberano de Abu Dhabi, o que significa que é um dos maiores investidores institucionais do mundo. Tem cerca de US$ 23o bilhões aplicados em 50 países. Entrou no Brasil comprando empresas de Eike Batista, em 2011, e hoje tem cerca de US$ 3 bilhões em ativos no país.