A informação oficial de que a Petrobras vai receber na próxima quinta-feira (10) as propostas para a compra da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), de Canoas, marca a reta final da privatização da unidade.
Conforme informações de mercado, como há poucos candidatos à compra da refinaria gaúcha, a entrega da chamada "oferta vinculante" já vai definir o novo dono da Refap. Isso não significa que a estatal vai informar imediatamente o resultado, mas o vencedor estará definido.
Conforme executivos da estatal, depois da entrega dessa proposta, costuma ocorrer um processo de negociação em separado, apenas entre a área de desinvestimento da Petrobras e o candidato à compra, que pode levar de alguns dias a alguma semanas. Mas até pela falta de concorrência, esse período deve ser mais curto do que o normal.
Na reta final da venda das refinarias, a Petrobras estreou nesta semana uma campanha publicitária (veja vídeo abaixo), em horário nobre da TV aberta, em que justifica a privatização como estratégia para focar seus investimentos no pré-sal. Embora seja verdade, na semana passada a estatal revelou seu plano de investimentos com redução de até R$ 24 bilhões só na área de exploração e produção de petróleo: eram US$ 64 bilhões previstos entre 2020 e 2024, agora serão de US$ 40 bilhões a US$ 50 bilhões no período de 2021 a 2025.
Como a coluna relatou há 15 dias, os principais candidatos à compra da Refap são os gigantes nacionais Ultra e Cosan. Esse afunilamento decorre das exigências feitas pela própria estatal, como receita mínima de US$ 3 bilhões, da incerteza de estrangeiros sobre a estabilidade do refino no Brasil e até da volatilidade do mercado de petróleo durante a pandemia.
Conforme informações de mercado, as duas companhias nacionais preferem comprar a Repar, em Araucária (PR) do que a Refap. O motivo seria a proximidade com o mercado do Sudeste, único em que a Petrobras manterá refinarias estatais. Assim, é possível que o controle da unidade gaúcha seja a "segunda melhor" opção do comprador.
Veja quem são os candidatos
Ultra: é dona da rede de postos Ipiranga, que comprou em parceria com Petrobras e Braskem, em 2007. Das duas companhias rivais, é a que tem maior proximidade com o Estado, tanto pela forte presença da marca Ipiranga e sua identificação com o os gaúchos quanto por outros negócios que tem por aqui: uma pequena unidade no polo petroquímico de Triunfo (Oxiteno) e um terço da refinaria de Rio Grande. Ainda é dona da Ultragaz, da Ultracargo e da Extrafarma. No terceiro trimestre, a receita foi de R$ 20,76 bilhões (queda de 11% ante igual trimestre de 2019 e alta de 31% frente ao trimestre anterior). O lucro foi de R$ 277 milhões, 10% inferior ao do terceiro trimestre de 2019.
Cosan: o grupo inclui a maior produtora de etanol do Brasil, a Raízen, a rede de postos Shell e a empresa de gás e energia Compass, dona da Comgás (equivalente à Sulgás em São Paulo, já privatizada). É dona ainda da Rumo, empresa de transporte ferroviário que comprou a ALL, logo ainda tem algumas rotas no Rio Grande do Sul. Ainda tem uma parceria com a 4all e o banco Topázio para o desenvolvimento de uma carteira digital, a Payly. No terceiro trimestre, a receita líquida foi de R$ 17,5 bilhões (queda de 6,9% ante igual período de 2019).