Uma transferência do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, às 9h46min desta segunda-feira (16) marcou a estreia oficial do Pix. Feita para a Associação dos Amigos do Museu de Valores, foi transmitida ao vivo pelo YouTube e demorou um pouco mais do que os 10 segundos prometidos pela instituição.
A longa transmissão teve participação de associações, empresas de varejo, como Privalia e Pernambucanas, e especialistas como Ana Carla Abrão, diretora do escritório da Oliver Wyman no Brasil e Ronaldo Lemos, professor da Universidade Columbia e da UERJ.
Nas projeções de Ana Carla, uma economista independente e sem ligações com o governo federal, o Pix deve representar 20% das transações feitas no Brasil até 2030. Conforme Lemos, os 50 milhões de cadastros já feitos no Brasil vão transformar o Pix em objeto de estudo para outros países, como ele faz atualmente com os sistemas de Estônia e China.
Isso deve ocorrer porque embora o Pix tenha surgido para substituir transferências feitas atualmente por Doc e TEC, vai alcançar muito mais do que isso. A mais recente funcionalidade anunciada pelo BC é para que os empregadores passam pagar FGTS de seus funcionários, a partir de janeiro de 2021, quando entra em vigor o FGTS Digital.
Também permite pagamento de compras online, que o BC já anunciou como facilitador das compra de Black Friday, além de pagamento de taxas para o governo federal, como a do passaporte e até ingresso para parques nacionais.
O passo a passo para fazer um Pix com chave
1. Abra o aplicativo do banco ou fintech
2. Escolha a modalidade Pix
3. Defina o uso de chave
4. Informe a chave (CPF, telefone, e-mail ou senha aleatória)
5. Informe o valor a ser pago
6. Confirme o valor e o destinatário
7. Receba o comprovante
Todas as formas de fazer Pix
1. Com a chave cadastrada: por meio da digitação apenas do CPF, celular, e-mail ou um conjunto de letras e números gerados de forma aleatória, como as senhas de seguraça sugeridas em alguns aplicativos
2. Sem chave: não é obrigatório ter cadastro, mas sem esse atalho é preciso digitar todas as informações de quem recebe, como CPF ou CNPJ, banco, agência e número da conta, como ocorre com TED e DOC
3. Com QR Code estático (pode ser usado várias vezes para pagamentos do mesmo valor) ou dinâmico (de uso único, muda a cada operação): o celular lê o código com os dados de quem recebe e basta checar e confirmar as informações.
4. Opção "copia e cola": destinada a facilitar compras pelo celular. Na hora de ir para o pagamento, é possível selecionar a opção Pix, escolher o "copia e cola", fazer a operação no aplicativo do banco ou fintech, e confirmar.
O que é o Pix?
É um sistema para enviar e receber valores, criado para substituir as formas atuais de enviar dinheiro a alguém, como DOC e TED. Não é de uma empresa privada, mas do Banco Central, um órgão do governo. Cada um vai usar onde preferir: no banco ou em pequenas empresas de finanças, as chamadas fintechs. Vai funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana e completa a operação em até 10 segundos.
Como se usa?
A partir de 16 de novembro, vai estar funcionando nos aplicativos ou no sites bancos e fintechs. Será como fazer uma transferência, só que mais rápido, sem limite de horário e, na maioria dos casos, grátis. Serve para enviar dinheiro para a conta de um parente ou até para pagar um compra.
Precisa ter conta em banco?
Não, há várias empresas de finanças, as fintechs, que vão oferecer o serviço. Mas será necessário fazer um cadastro e ter o dinheiro depositado em uma dessas empresas para poder fazer pagamentos.
Precisa ter cadastro?
Não é obrigatório, mas ter um registro torna a operação mais rápida, porque não precisa preencher dados a cada vez que envia ou recebe dinheiro. Desde o dia 5 de outubro, bancos e fintechs estão cadastrando o que chamam de "chaves", que podem ser CPF, número do celular ou e-mail. Se a pessoa prefere não informar esses dados, pode usar uma "chave" que o app sugere, mas será daquele tipo cheio de números e letras, difícil de decorar.
Como se cadastrar?
É só entrar no site ou no aplicativo do seu banco ou de sua empresa de finanças e procurar por "Pix". Na maioria dos casos, é só seguir a ordem em que as opções aparecem, confirmando ou rejeitando a "chave" preferida. Se aparecer "CPF" e você preferir usar outra, é só recusar esta que a próxima aparece.
Tem risco de golpe?
Tem, principalmente se forem usados links recebidos para fazer o registro. Por isso, é importante entrar direto no site ou no aplicativo que você costuma usar para lidar com seu dinheiro. Depois, vai ser preciso prestar bastante atenção, porque uma das formas de enviar e receber pagamentos será o envio de links clicáveis, mas isso vai ocorrer dentro do app ou do site de internet banking.
É obrigatório?
De jeito nenhum. Se você não costuma fazer esse tipo de pagamento, pode ficar sossegado e não se estressar com o Pix. Se prefere pagar mais, mas manter as opções mais tradicionais, como DOC e TED, também não. Mas é bom ficar preparado para o fato de que há tendência de ampliação gradativa do uso desse tipo de tecnologia, com custo mais baixo.
Então por que os bancos insistem tanto que é preciso se cadastrar?
Porque um dos papéis do Pix é ajudar a democratizar o mercado bancário no Brasil, ou seja, permitir mais escolha aos usuários. Se o cliente registra uma chave em determinada instituição financeira, presume-se que vá operar com esse banco ou fintech. Por isso, o interesse dos bancos é "segurar" os clientes.
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