A partir de terça-feira (3/11), não é impossível que alguém receba dinheiro em sua conta bancária, de forma legítima, mesmo não tendo cadastro para usar o Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central.
A estreia da modalidade de forma restrita tem limitações para pagar, mas não para receber. Nesta sexta-feira (30), a área técnica no banco fez uma live no YouTube para tirar dúvidas e desfazer mitos sobre o meio de pagamento que tende a substituir as transferências tradicionais, como DOC e TED. Entre as novidades anunciadas, está o recurso "copia e cola", que vai facilitar compras em aplicativos de lojas.
— Agora, com o início do Pix pouco antes da Black Friday, pode facilitar facilitar as compras em sites — sugeriu Mayara Yano, do Departamento de Competição e Estrutura do Mercado Financeiro do BC.
A opção foi criada para facilitar compras pelo celular. Na hora de ir para o pagamento, é possível selecionar a opção Pix, escolher o "copia e cola", fazer a operação no aplicativo do banco ou fintech, e confirmar. Com essa, já são quatro formas de usar o Pix:
1. Com a chave cadastrada (CPF, celular, e-mail ou um conjunto de letras e números gerados de forma aleatória, como as senhas de seguraça sugeridas em alguns aplicativos)
2. Sem cadastro de chave (não é obrigatório ter uma "chave", mas neste caso é preciso digitar todas as informações bancárias do recebedor, como CPF ou CNPJ, banco, agência e número da conta, como ocorre com TED e DOC).
3. Com QR Codes estáticos (pode ser usado várias vezes para pagamentos do mesmo valor) ou dinâmicos (de uso único, muda a cada operação)
4. Opção "copia e cola" (descrita acima)
Em tese, disse o chefe-adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, Carlos Eduardo Brandt, os bancos poderão oferecer aos clientes a possibilidade de gerar QR Codes para pessoas físicas, não apenas empresas. Podem servir, exemplificou, até para rachar a conta do churrasco da família. Outra preocupação de Brandt foi tranquilizar quem está preocupado com a segurança do sistema. Alertou que "fazer um Pix", embora seja uma operação mais rápida, tem etapas para evitar problemas e acidentes. Com o uso da chave, o passo a passo é assim:
1. Abre o aplicativo do banco ou fintech
2. Escolhe a modalidade Pix
3. Define o uso de chave
4. Informa a chave (CPF, telefone, e-mail ou senha aleatória)
5. Informa o valor a ser pago
6. Confirma o valor e o destinatário
7. Recebe o comprovante
Portanto, disse Brandt, se o celular (aparelho) for roubado, não significa que o ladrão poderá sair fazendo Pix com recursos da conta do banco do dono do telefone. Ainda há todo o processo de segurança para uso do aplicativo do banco ou fintech, que dá mais segurança ao processo. O executivo reforçou, ainda, que outras funcionalidades serão acrescentadas gradualmente ao Pix:
— Vamos lançar o Pix garantido, o débito automático, são funcionalidades que fazem parte da agenda evolutiva do sistema.
COMO SERÁ A OPERAÇÃO RESTRITA
De 3 a 8/11 - 1% a 5% da base de clientes, que serão escolhidos pelos respectivos bancos e fintechs
De 9 a 15/11 - Aumento gradual da base até o dia 16/11, quando o Pix começa a funcionar para todos
Horários de 3 a 15/11
Quartas das 9h às 22h
Quintas das 9h às 24 h
Sextas de 0h até 22h
Como vai funcionar o Pix
O que é o Pix?
É um sistema para enviar e receber valores, criado para substituir as formas atuais de enviar dinheiro a alguém, como DOC e TED. Não é de uma empresa privada, mas do Banco Central, um órgão do governo. Cada um vai usar onde preferir: no banco ou em pequenas empresas de finanças, as chamadas fintechs. Vai funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana e completa a operação em até 10 segundos.
Como se usa?
A partir de 16 de novembro, vai estar funcionando nos aplicativos ou no sites bancos e fintechs. Será como fazer uma transferência, só que mais rápido, sem limite de horário e, na maioria dos casos, grátis. Serve para enviar dinheiro para a conta de um parente ou até para pagar um compra.
Precisa ter conta em banco?
Não, há várias empresas de finanças, as fintechs, que vão oferecer o serviço. Mas será necessário fazer um cadastro e ter o dinheiro depositado em uma dessas empresas para poder fazer pagamentos.
Precisa ter cadastro?
Não é obrigatório, mas ter um registro torna a operação mais rápida, porque não precisa preencher dados a cada vez que envia ou recebe dinheiro. Desde o dia 5 de outubro, bancos e fintechs estão cadastrando o que chamam de "chaves", que podem ser CPF, número do celular ou e-mail. Se a pessoa prefere não informar esses dados, pode usar uma "chave" que o app sugere, mas será daquele tipo cheio de números e letras, difícil de decorar.
Como se cadastrar?
É só entrar no site ou no aplicativo do seu banco ou de sua empresa de finanças e procurar por "Pix". Na maioria dos casos, é só seguir a ordem em que as opções aparecem, confirmando ou rejeitando a "chave" preferida. Se aparecer "CPF" e você preferir usar outra, é só recusar esta que a próxima aparece.
Tem risco de golpe?
Tem, principalmente se forem usados links recebidos para fazer o registro. Por isso, é importante entrar direto no site ou no aplicativo que você costuma usar para lidar com seu dinheiro. Depois, vai ser preciso prestar bastante atenção, porque uma das formas de enviar e receber pagamentos será o envio de links clicáveis, mas isso vai ocorrer dentro do app ou do site de internet banking.
É obrigatório?
De jeito nenhum. Se você não costuma fazer esse tipo de pagamento, pode ficar sossegado e não se estressar com o Pix. Se prefere pagar mais, mas manter as opções mais tradicionais, como DOC e TED, também não. Mas é bom ficar preparado para o fato de que há tendência de ampliação gradativa do uso desse tipo de tecnologia, com custo mais baixo.
Então por que os bancos insistem tanto que é preciso se cadastrar?
Porque um dos papéis do Pix é ajudar a democratizar o mercado bancário no Brasil, ou seja, permitir mais escolha aos usuários. Se o cliente registra uma chave em determinada instituição financeira, presume-se que vá operar com esse banco ou fintech. Por isso, o interesse dos bancos é "segurar" os clientes.
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