Embora para a maioria dos brasileiros o Pix vá estrear nesta segunda-feira (16), o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC) já movimenta R$ 61,2 milhões ao dia.
Essa foi a média diária de 3 a 14 de novembro, alcançada com operação muito restrita, de no máximo 5% dos clientes ao menos nos primeiros cinco dias. A escolha dos primeiros usuários foi feita pelos próprios bancos e fintechs, com base no perfil de seus clientes.
Na sexta-feira, 13, já ficou claro que os bancos ampliaram de forma gradual o número de clientes aptos a usar o sistema, como recomendou o BC: houve 675 mil operações, somando transferências de R$ 334,6 milhões. Bem que Angelo Duarte, chefe do departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do BC, havia dito que o funcionamento do Pix entre os dias 5 e 15 não era um teste.
Ainda quando estava em R$ 50 milhões ao dia, o valor alcançado na fase que antecedeu à do “Pix para todos” surpreendeu, admitiu o diretor de política de negócio e operações da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Leandro Vilain.
Agora, será preciso ver se terá, de fato, capacidade de ajudar a desconcentrar o mercado bancário no Brasil, objetivo para o qual começa a contar, no próximo mês, com os primeiros passos do open banking. Essa ferramenta promete aumentar a competição por clientes por meio do compartilhamento de informações de cadastro, desde que autorizadas, claro. O ministro da Economia, Paulo Guedes, acha pouco. Na semana passada, sua equipe avisou que Guedes quer medidas para enfraquecer o “cartel da Febraban”.
Esta segunda-feira (16) também vai testar a resolução do problemas que marcaram o início do cadastramento das chaves do Pix, em 5 de outubro. Respondendo a pergunta da coluna, há duas semanas, o chefe do Departamento de Tecnologia da Informação do BC, Haroldo Cruz, admitiu que houve falhas no sistema do Pix nas primeiras duas horas e meia de operações. Segundo o executivo, a fase de transição permitiria ajustar o sistema sem maior impacto, em caso de necessidade.
O passo a passo para fazer um Pix com chave
1. Abra o aplicativo do banco ou fintech
2. Escolha a modalidade Pix
3. Defina o uso de chave
4. Informe a chave (CPF, telefone, e-mail ou senha aleatória)
5. Informe o valor a ser pago
6. Confirme o valor e o destinatário
7. Receba o comprovante
Todas as formas de fazer Pix
1. Com a chave cadastrada: por meio da digitação apenas do CPF, celular, e-mail ou um conjunto de letras e números gerados de forma aleatória, como as senhas de seguraça sugeridas em alguns aplicativos
2. Sem chave: não é obrigatório ter cadastro, mas sem esse atalho é preciso digitar todas as informações de quem recebe, como CPF ou CNPJ, banco, agência e número da conta, como ocorre com TED e DOC
3. Com QR Code estático (pode ser usado várias vezes para pagamentos do mesmo valor) ou dinâmico (de uso único, muda a cada operação): o celular lê o código com os dados de quem recebe e basta checar e confirmar as informações.
4. Opção "copia e cola": destinada a facilitar compras pelo celular. Na hora de ir para o pagamento, é possível selecionar a opção Pix, escolher o "copia e cola", fazer a operação no aplicativo do banco ou fintech, e confirmar.
O que é o Pix?
É um sistema para enviar e receber valores, criado para substituir as formas atuais de enviar dinheiro a alguém, como DOC e TED. Não é de uma empresa privada, mas do Banco Central, um órgão do governo. Cada um vai usar onde preferir: no banco ou em pequenas empresas de finanças, as chamadas fintechs. Vai funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana e completa a operação em até 10 segundos.
Como se usa?
A partir de 16 de novembro, vai estar funcionando nos aplicativos ou no sites bancos e fintechs. Será como fazer uma transferência, só que mais rápido, sem limite de horário e, na maioria dos casos, grátis. Serve para enviar dinheiro para a conta de um parente ou até para pagar um compra.
Precisa ter conta em banco?
Não, há várias empresas de finanças, as fintechs, que vão oferecer o serviço. Mas será necessário fazer um cadastro e ter o dinheiro depositado em uma dessas empresas para poder fazer pagamentos.
Precisa ter cadastro?
Não é obrigatório, mas ter um registro torna a operação mais rápida, porque não precisa preencher dados a cada vez que envia ou recebe dinheiro. Desde o dia 5 de outubro, bancos e fintechs estão cadastrando o que chamam de "chaves", que podem ser CPF, número do celular ou e-mail. Se a pessoa prefere não informar esses dados, pode usar uma "chave" que o app sugere, mas será daquele tipo cheio de números e letras, difícil de decorar.
Como se cadastrar?
É só entrar no site ou no aplicativo do seu banco ou de sua empresa de finanças e procurar por "Pix". Na maioria dos casos, é só seguir a ordem em que as opções aparecem, confirmando ou rejeitando a "chave" preferida. Se aparecer "CPF" e você preferir usar outra, é só recusar esta que a próxima aparece.
Tem risco de golpe?
Tem, principalmente se forem usados links recebidos para fazer o registro. Por isso, é importante entrar direto no site ou no aplicativo que você costuma usar para lidar com seu dinheiro. Depois, vai ser preciso prestar bastante atenção, porque uma das formas de enviar e receber pagamentos será o envio de links clicáveis, mas isso vai ocorrer dentro do app ou do site de internet banking.
É obrigatório?
De jeito nenhum. Se você não costuma fazer esse tipo de pagamento, pode ficar sossegado e não se estressar com o Pix. Se prefere pagar mais, mas manter as opções mais tradicionais, como DOC e TED, também não. Mas é bom ficar preparado para o fato de que há tendência de ampliação gradativa do uso desse tipo de tecnologia, com custo mais baixo.
Então por que os bancos insistem tanto que é preciso se cadastrar?
Porque um dos papéis do Pix é ajudar a democratizar o mercado bancário no Brasil, ou seja, permitir mais escolha aos usuários. Se o cliente registra uma chave em determinada instituição financeira, presume-se que vá operar com esse banco ou fintech. Por isso, o interesse dos bancos é "segurar" os clientes.
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