O objetivo explícito do Banco Central (BC) com a criação do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos, é facilitar a vida do cidadão e baratear as transações para as empresas. Acompanhado de outra novidade, o open banking, faz parte da estratégia do BC para "sacudir o mercado bancário", como disse à coluna na semana passada João Custódio, diretor-executivo da Fortus Group, uma das muitas empresas que vão estruturar negócios no novo ambiente bancário.
Uma das intenções do BC é desconcentrar esse mercado. Dados da própria instituição mostram que 83,7% dos empréstimos concedidos em 2019 foram contratados nos cinco maiores bancos – Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa Econômica Federal.
No Pix, não será possível contratar financiamento, mas o sistema vai tirar dos bancões um bom naco de receitas. Mas é um primeiro passo para descentralizar as transações. Das 664 instituições que começaram ontem a cadastrar usuários para o Pix, algumas centenas são fintechs, startups do setor financeiro, que poderão absorver parte dos clientes.
O Pix, que só começa a ser operado em 16 de novembro, abre caminho para outro programa que vai realmente mudar o jogo, o open banking, que deve estrear em seguida, em 30 de novembro. Com base no princípio de que os dados bancários pertencem aos clientes e não às instituições, o BC vai exigir que as instituições cedam informações de cadastro sem custo quando o cliente solicitar e autorizar.
O objetivo é permitir que as pessoas movimentem suas contas em diferentes plataformas, e não só pelo aplicativo ou site do seu banco. Também pretende possibilitar que o cliente do banco X contrate financiamento no banco Y, se as condições forem mais adequadas.
Essa movimentação será possível por meio da tecnologia chamada interface de programação de aplicativos (API na sigla em inglês). Seu funcionamento costuma ser comparado ao de um site que admite cadastro via Facebook ou Google, levando ao compartilhamento de dados. A promessa do BC é que, diferentemente das redes sociais, será possível escolher que informações serão repassadas. Os bancões, claro, não gostaram. Mas o open bank virá.