Em maio, quando a Petrobras anunciou a venda de quatro usinas térmicas abastecidas a óleo combustível, um insumo poluente e caro para geração de energia, surpreendeu o mercado. A oferta, que incluía a UTE Canoas, que fica ao lado da Refap, foi considerada pouco atrativa. Era vista mais como manifestação de intenções do que como um negócio com potencial real de ser fechado.
Apesar do ceticismo, o processo já ultrapassou duas fases e chegou à etapa na qual a estatal se prepara para receber as propostas dos interessados o que significa que existem candidatos à compra.
É a chamada "fase vinculante", em que as empresas habilitadas nas fase anteriores recebem carta-convite com instruções detalhadas sobre o processo, incluindo orientações para a realização de due diligence (processo de levantamento de dados e informações detalhadas, inclusive com visitas aos locais) e envio das propostas, ou seja, o valor que pretendem pagar.
Entre as causas da desconfiança, a característica de usar óleo combustível era vista como o maior problema. É um material muito poluente, em uma fase que várias empresas de energia querem se dedicar a fontes mais limpas. E por ser caro para um fonte de geração de energia faz com que essas usinas só funcionem em períodos de escassez de chuva e restrição à operação de hidrelétricas.
É justamente quando essas térmicas são acionadas que aparece a bandeira vermelha na conta de luz, porque aumenta o custo da geração. No ano passado, o governo federal anunciou um plano para eliminar esse tipo de usina, substituindo o abastecimento por gás natural, tanto por motivos ambientais quanto para baixar o custo da eletricidade no Brasil, já que há ambição de reduzir o preço desse combustível disponível no pré-sal.
No caso de Canoas, há uma vantagem: a térmica já está adaptada para operar abastecida com gás natural. O problema é que ainda não há gás disponível. A Petrobras não dá informações adicionais sobre quantidade de interessados ou seu perfil, por seguir um ritual aprovado no Tribunal de Contas da União (TCU). Portanto, não detalha quantos e quais interessados existem na usina de Canoas.
No comunicado em que oficializa da entrada na chamada "fase vinculante", publicado na sexta-feira passada (15), a estatal volta afirmar que "a usina é bicombustível (gás natural e óleo diesel), possuindo, portanto, potencial ganho operacional com a expansão esperada da malha de gasodutos e/ou novos terminais de regaseificação".