Em um cenário de juro baixo, alta digitalização e forte incerteza, soluções que parecem mágicas tendem a ganhar força no mundo dos investimentos. O problema é que situações assim embutem risco de prejuízo.
Conforme dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), foram registradas 184 denúncias de possíveis crimes e golpes financeiros, incluindo pirâmides, em 2019. O volume foi 41,5% maior do que o registrado no ano anterior (130 relatos).
Com rentabilidade cada vez menor de aplicações tradicionais, como a poupança, investidores ficam mais suscetíveis a cair em esquemas fraudulentos. Esse é o alerta da especialista em finanças pessoais Carol Stange.
Com a crise, aumentou a quantidade de pessoas com dúvidas sobre investimentos que prometem retorno muito acima do mercado e que podem ser até caracterizados como pirâmides, conforme a especialista. Por isso, é preciso cautela neste momento, afirma Carol.
Para diminuir incertezas, ela criou uma lista com sete características de um possível esquema de pirâmide financeira. Um ponto destacado é que, em geral, os fraudadores não revelam aos participantes em qual produto ou serviço estão investindo.
Além disso, o esquema geralmente é caracterizado pelo recrutamento de novos participantes. Aos investidores mais velhos, é prometido retorno financeiro caso eles consigam atrair novos membros.
Abaixo, confira sete possíveis características para identificar uma possível pirâmide financeira, de acordo com a especialista em finanças pessoais Carol Stange.
1. Efeito halo
Em geral, os fraudadores vendem a imagem de investidores bem-sucedidos. Essa tática é amplamente utilizada para recrutar novos membros para uma pirâmide, por exemplo. É o que o campo das finanças comportamentais chama de "efeito halo", no qual a mente humana julga e tira conclusões sobre outra pessoa a partir de estereótipos.
2. Prova social de sucesso financeiro
A realização de eventos grandiosos e a divulgação de viagens dos fundadores do esquema buscam mostrar como seria possível ganhar dinheiro com as aplicações em questão. A ostentação é usada como suposta prova da rentabilidade do negócio.
3. Uma chance "imperdível"
Para atrair novos participantes, fraudadores costumam vender a ideia de que o investimento é valioso, exclusivo, uma possibilidade única de conseguir alto retorno.
4. Busca constante por novos integrantes
Geralmente, o investidor logo é avisado sobre a necessidade de convidar familiares e amigos, e os pedidos por novos integrantes são reforçados ao longo da vida útil da pirâmide.
5. Promessa de rentabilidade sem riscos
Promessas de alta rentabilidade e de baixíssimo (ou nenhum) risco são comuns em esquemas duvidosos. Não há segredo: em finanças, risco e retorno andam de mãos dadas. Ligue o sinal de alerta.
6. Falta de registro
Pessoas que caem nos golpes das pirâmides financeiras não costumam saber que é obrigatório o registro de distribuição em órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
7. Depósitos em contas pessoais
O fraudador pode solicitar depósitos em conta corrente de pessoa física como forma de garantir a participação do investidor no esquema.
* Colaborou Camila Silva