O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A combinação entre queda na venda de gasolina nas bombas e constantes reajustes de preços nas refinarias preocupa donos de postos de combustíveis no Estado. Em nota, o Sulpetro, que representa os estabelecimentos gaúchos, afirma que novo aumento nos valores cobrados pela Petrobras "agravará a crise no setor".
A estatal anunciou, na terça-feira (7), reajuste de 5% para a gasolina nas refinarias — a medida começou a valer nesta quarta (8). Foi a segunda elevação neste mês e a oitava consecutiva desde maio, quando os preços do petróleo iniciaram retomada no mercado internacional. A commodity serve de referência para os valores fixados pela Petrobras.
Ao mesmo tempo em que avanços são confirmados nas refinarias, a venda nos postos segue no vermelho, em razão da crise do coronavírus. Como a coluna registrou nesta semana, houve queda de 19% no Estado, em maio, frente a igual período de 2019. Ou seja, os reajustes nas refinarias ocorrem no momento em que a demanda nos postos segue em baixa, o que pressiona as margens de lucro dos estabelecimentos.
— No início da pandemia, a venda chegou a cair 70% na Capital. O movimento só será retomado quando houver circulação de pessoas nas ruas. Precisamos de giro, e isso não está ocorrendo. A principal preocupação é com os postos menores — afirma à coluna o presidente do Sulpetro, João Carlos Dal’Aqua.
A Petrobras anunciou, no segundo semestre de 2016, mudança na política de preços para acompanhar a variação do petróleo no mercado internacional. Antes da alteração, a margem de lucro dos postos era de 15% a 20%, diz Dal'Aqua. Com a nova política, caiu para 10% ou menos, acrescenta o dirigente.
O tombo na venda de gasolina gera forte impacto aos cofres do Rio Grande do Sul. Conforme o Sulpetro, cerca de 20% da arrecadação do Estado com ICMS vem dos combustíveis.