Foi ainda na quinta-feira passada (26) que o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, anunciou que ele, os ministros e os parlamentares do país terão redução de 20% nos salários, como medida para ajudar a combater a pandemia do coronavírus. Conforme explicou Lacalle Pou, eleito em novembro passado em oposição aos 14 anos da Frente Ampla, de orientação de esquerda, os recursos vão reforçar o Fundo Coronavírus. Também serão retidos 20% dos salários de diretores de órgãos e serviços descentralizados do país.
Ainda vão rechear o fundo parcelas entre 5% e 20% da remuneração paga por fundos de pensão de servidores aposentados. Como isso inclui ex-presidentes da República, significa que Lacalle Pou vai pôr a mão no próprio bolso e no do pai, Luis Alberto Lacalle, que governou o país nos anos 1999.
Na Argentina, há duas noites a população de Buenos Aires sai às janelas para bater panelas pedido medida semelhante para os funcionários do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. A mobilização ocorre depois do "aplauzaso" que vem sendo organizado há mais tempo, às 21h, em homenagem aos profissionais de saúde que estão atuando no tratamento da covid-19 no país.
No Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) defendeu medida semelhante dois dias antes que o Uruguai adotasse o corte. A coluna fez contato com integrantes da equipe econômica, que confirmaram: "Medidas estão sendo estudadas e poderão ser anunciadas nos próximos dias". Essa posição foi dada no dia 25 de março, véspera do anúncio feito no Uruguai.
Todas as iniciativas anunciadas pelo governo brasileiro até agora vão no rumo certo. O que falta, desesesperadamente, é velocidade. Se há tempo para dividir a conta com os políticos, não é razoável imaginar que o governo esteja confortável com a perspectiva de pagar a renda mínima de sobrevivência de R$ 600 até 16 de abril. Nem que as empresas podem esperar até maio para obter os recursos prometidos na sexta-feira passada (27) para financiar o pagamento da folha de salário, como sinalizaram integrantes do governo na terça-feira (31). É uma questão de estabilidade social. Acelera, Guedes.