No terceiro e último dia do Fórum da Liberdade – Em Casa, o empresário Jorge Paulo Lemann afirmou que fez seus melhores negócios durante crises:
– As oportunidades que aproveitamos em tempos de crise foram melhores do que as que aproveitamos em tempos normais, com preços melhores.
Lemann lembrou da primeira à mais rumorosa aquisição. Mencionou desde a corretora de valores comprada em 1971, seguida um mês depois por uma queda de 70% na bolsa de valores, até a compra da Anheuser-Busch na crise global mais recente, em 2008, quando formou seu império global de cervejas, concentrando boa parte do mercado mundial do produto. Essa ênfase na oportunidade da crise veio depois de Lemann descrever quatro passos essenciais para as empresas durante a crise:
– Em primeiro lugar, nosso principal objetivo é sobreviver, e sobreviver bem, depois de uma série de medidas que todos temos de tomar nas empresas para isso, como melhorar caixa e melhorar a eficiência. Em segundo, tratar bem todos os associados que trabalham conosco, que fiquem saudáveis e com possibilidade de ganharem dinheiro no futuro, em terceiro, melhorar as relações com os clientes, adaptar produtos às necessidades que têm. Em quarto, precisamos ver, além dos negócios em si, ver que contribuição tem a dar para sociedade.
Segundo Lemann, as fundações ligadas às empresas do grupo, que além de Lojas Americanas, Ambev, Inbev, Burger King e Heinz-Kraft, estamos aumentando o esforço do ensino à distância, construindo hospitais. Mas confessou que é fiel ao perfil que lhe tornou famoso no mundo dos negócios:
– O que gosto mais, francamente, é do fato de que toda crise é cheia de oportunidades. As crises pelas quais passei foram duras, sofri, não sabia direito como ia chegar ao fim, mas alguma oportunidade apareceu. Não só para comprar a preços menores, mas para fazer algo diferente, melhor, para anos mais tarde poder dizer 'que bom que fiz isso durante a crise'.
Lemann avaliou que, na retomada após a crise, será importante reduzir o excesso de polarização no país. Argumentou que é preciso ter "mais bom senso e mais pragmatismo". E não encerrou sua participação focada em tirar proveito da crise antes de expressar uma preocupação cresce entre economistas e empresários no Brasil:
– O Brasil tem uma desigualdade social colossal, que todos temos de trabalhar para diminuir. Temos muitas oportunidades para fazermos melhor, espero que a crise nos ajude a ir nessa direção.