Apesar ter feito o discurso correto e adotado medidas já empregadas em outros países para amenizar o impacto do coronavírus nos negócios, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ficou devendo uma providência. Ao apresentar o pacote de R$ 147,5 bilhões, o ministro fez um paralelo entre o fato de o vírus representar mais perigo para organismos mais vulneráveis e o reflexo econômico também ter mais peso nos pontos mais frágeis da atividade produtiva.
Para mostrar preocupação com os economicamente vulneráveis, anunciou prazo de três meses para pagamento do Simples, liberação extra de FGTS, inclusão de 1 milhão de pessoas no Bolsa Família — nesse caso, é preciso lembrar que a fila de espera, em fevereiro era de 700 mil pessoas —, antecipação de 13º salário para aposentados. Mas um grupo crescente de brasileiros, responsável pelo tímido recuo nas estatísticas de desemprego, ficou sem proteção.
Os trabalhadores informais, que em janeiro chegaram a 15,7 milhões de brasileiros, além do contingente de cerca de 19,2 milhões de subaproveitados, ficaram sem apoio para enfrentar o forte freio na economia que vem aí. Para contrastar, o pacote de Donald Trump, anunciado nesta terça-feira (17), que empalidece o similar nacional com seus US$ 850 bilhões (R$ 4,25 trilhões pelo câmbio atual), inclui até envio de dinheiro aos americanos de baixa renda. Ainda não foi detalhado, mas se discute distribuir US$ 1 mil por família. Como a coluna já recomendou, há momentos em que é saudável copiar o presidente norte-americano. É claro que respeitando as escalas das economias e a situação fiscal do Brasil.
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