Enquanto o Ministério da Economia batia cabeça para tentava justificar o injustificável artigo 18 da Medida Provisória 927, o Banco Central (BC) adotava medidas de padrão global. Ao apresentar o apoio ao setor financeiro, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, estimou que terá impacto de R$ 1,2 trilhão e será "o maior plano de injeção de liquidez da história". A língua do trilhão é a que o público de Campos Neto entende. Agora que até o Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu que esta crise global será ao menos tão grave quanto a de 2008, é preciso reagir à altura.
Liquidez é a facilidade para transformar um ativo financeiro, como uma título de dívida do governo ou de uma empresa privada, em dinheiro vivo. Até que não reuniu colchão respeitável, o BC nem se apresentou para tentar amortecer o impacto da crise com gritos ou pacotes mal costurados. Anunciou quantia equivalente a 16,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e fez questão de comparar com o esforço para reduzir o impacto da crise de 2008, de 3,5% do PIB.
Avisou que prepara outras medidas, estre as quais novas liberações de compulsórios, empréstimos com base em letras financeiras (LFs, papéis que são negociados no mercado em troca de remuneração) garantidas por operações de crédito e estudo para facilitar que os recursos cheguem às pequenas e médias empresas — esse, sim um pouco atrasado.
— Gostaria de passar a tranquilidade para todo mundo, o Banco Central está atento, focado e entende quais são os instrumentos para atuar em cada momento. Entendemos que temos uma crise diferente do que vivemos no passado, estamos obviamente dispostos a fazer novas medidas — afirmou, com serenidade e firmeza.
Depois de liberar cerca de R$ 115 bilhões em depósitos compulsórios e flexibização de exigências regulatórias, ainda na tentativa de dar alento à economia, antes que a pandemia de coronavírus derretesse expectativas, injetou R$ 68 bilhões reduzindo a alíquota do depósito compulsório sobre recursos a prazo de 25% para 17%.
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