Seis meses depois de o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciar que seriam liberados R$ 100 bilhões em empréstimos compulsórios, o Banco Central cumpriu a promessa, com bônus. Na manhã desta quinta-feira (20), anunciou que está devolvendo à circulação um total de R$ 135 bilhões. Serão R$ 49 bilhões resultantes da redução da alíquota do recolhimento compulsório sobre recursos a prazo, de 31% para 25%, com efeito a partir de 16 de março, e outros R$ 86 bilhões provenientes de ajustes nas exigências de liquidez.
Esses recursos têm origem nos depósitos de correntistas nos bancos. São chamados de "depósitos compulsórios" porque o bancos são obrigados a mantê-los recolhidos no BC, esterilizados do pontos de vista de geração de riqueza. A liberação, portanto, represente um estímulo à economia no momento em que há dúvidas sobre a capacidade de reação da economia brasileira.
Conforme o BC, as duas medidas resultam em diminuição de 8,5 pontos no percentual de cada nova captação de depósitos que as instituições financeiras são obrigadas a reservar para o cumprimento dessas exigências. Para justificar a iniciativa, ponderou que um desses requisitos havia sido apertado na época da crise financeira internacional, entre 2008 e 2009, para evitar riscos de liquidez que atingiram milhares de bancos mundo afora. Agora, "sob perspectiva de estabilidade financeira", foi possível eliminar sobreposições entre os dois tipos de recolhimento.
A expectativa é de que as medidas do BC tenham dois efeitos. O primeiro é ajudar a baixar o juro na ponta do consumo, problema que se mantém mesmo com cortes na taxa básica, que vêm renovando mínimas históricas. Depósitos compulsórios pesam no chamado "spread", diferença entre o que os bancos pagam aos clientes que aplicam seu dinheiro e o que cobram dos que pedem empréstimos. Com a redução dessa obrigação, os bancos terão de reduzir proporcionalmente essa margem. Outro reflexo é a possibilidade de que sejam liberados mais recursos para que os bancos concedam financiamentos. Ambas favorecem a atividade produtiva, por reduzir o custo e aumentar a disponibilidade de crédito.